|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RUMO ÀS ELEIÇÕES
Decisão de igreja, com 10 milhões de fiéis, fragiliza Garotinho
Assembléia de Deus anuncia apoio à candidatura Serra
MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO
A Convenção Nacional das Assembléias de Deus anuncia hoje
no Rio, num evento com a presença prevista de cerca de 6.000
pastores de todos os Estados, a
adesão à candidatura do senador
José Serra (PSDB-SP) à Presidência da República.
O apoio é uma das principais
conquistas da pré-campanha de
Serra e uma derrota para o pré-candidato do PSB, Anthony Garotinho.
O ex-governador do Rio tem como principal base eleitoral os
evangélicos, cujo ramo majoritário no Brasil é a Assembléia de
Deus. Ele não poderá se apresentar como único candidato com
respaldo evangélico.
A Convenção Nacional afirma
ter 10 milhões de fiéis, 27 mil pastores e 22 mil templos. Ela divide
com outra entidade de porte semelhante, a Convenção Geral, o
comando da Assembléia de Deus.
Este segundo grupo tem promovido reuniões com os presidenciáveis para decidir que posição tomar.
De Garotinho a Serra
O apoio ao tucano será anunciado às 14h pelo pastor Manoel Ferreira, presidente vitalício da Convenção Nacional.
Serra estará presente. Ligado ao
deputado Francisco Dornelles
(PPB-RJ), articulador da campanha serrista, Ferreira concorrerá
ao Senado pelo PPB do Rio.
""Nosso apoio se deve ao compromisso de Serra com a estabilidade econômica". disse ontem
Ferreira, 69. "Vamos conduzir o
rebanho para este lado."
O pastor diz estimar que de 70%
a 80% dos fiéis seguirão a orientação da cúpula.
Em julho do ano passado, Ferreira disse à Folha que deveria
apoiar Garotinho: "É bem possível que a entidade decida recomendar o nome dele, orientando
os fiéis e dizendo que ele é o candidato que mais se identifica com
o segmento evangélico".
O pastor Dilmo dos Santos,
membro do conselho político da
Convenção Nacional, disse que "a
igreja apoiou os dois mandatos
do presidente Fernando Henrique Cardoso".
"Decidimos que o melhor para
o processo democrático do país é
a continuidade. Numa situação
como a da crise da Argentina e de
grande populismo na Venezuela,
consideramos José Serra mais
centrado."
"Recém-convertido"
O pastor Santos afirmou ter
"admiração" por Garotinho, mas
preferir que ele tivesse tentado a
reeleição a governador.
"Garotinho deveria firmar sua
liderança. Em algum tempo ele
vai estar preparado. Além disso, é
um recém-convertido."
Há três meses, Garotinho pregou num culto da Convenção Nacional das Assembléias de Deus.
A Folha tentou ouvi-lo no fim
da tarde de ontem, mas ele estava
ocupado com uma gravação.
Garotinho se converteu à Igreja
Presbiteriana (evangélica) em
1994, depois de se recuperar de
um acidente de carro. Nas últimas
semanas, tem participado de
shows gospel promovidos por rádios evangélicas, com a presença
de milhares de pessoas.
Serra, ao contrário, tem falado
para públicos mais restritos, de lideranças. Sua agenda se concentrou em palestras em entidades
empresariais.
Anteontem, nas comemorações
do Dia do Trabalho, os pré-candidatos Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) e Ciro Gomes (PPS) discursaram para milhares de pessoas
em atos sindicais realizados em
São Paulo.
Garotinho falou num show gospel que reuniu pelo menos 20 mil
participantes.
Serra fez apenas um corpo-a-corpo por cidades da Baixada Fluminense (RJ), sem ter feito um só
discurso.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Para tucano, país deve retaliar protecionistas Índice
|