São Paulo, sexta-feira, 03 de maio de 2002

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Para tucano, país deve retaliar protecionistas

DA FOLHA RIBEIRÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, defendeu ontem, em Ribeirão Preto (314 km de São Paulo), que o governo federal não compre produtos de países que impõem restrições comerciais ao Brasil.
"[O governo federal tem de endurecer] na OMC [Organização Mundial do Comércio" e em todos os fóruns. O Brasil precisa utilizar outros instrumentos. Por exemplo, nós vamos trazer para o Brasil um padrão de TV digital. Tem americana, européia e japonesa. Devemos escolher o padrão do país que eliminar barreiras comerciais contra o Brasil. Vamos comprar avião para Aeronáutica. Vamos tratar da questão do comércio exterior como uma questão de interesse nacional e ter claro que o comércio exterior envolve poder. Assim atuam EUA, Europa, Japão e assim tem de atuar o Brasil", declarou Serra.
Para o tucano, no entanto, isso não significa boicote. "Não sei como alguém pode deduzir isso. Nós temos de deixar de ser moralistas e jogar contra o Brasil. Comércio e investimentos não são coisas separadas. Não é nada contra nenhum país específico e nenhuma barganha, como se isso fosse uma palavra feia. É uma posição que todo mundo pratica. Defender interesses do Brasil. É tão simples assim", afirmou.
As declarações foram dadas durante visita do senador tucano à Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação).
De acordo com Serra, EUA , Europa e Japão gastam US$ 1 bilhão por dia em subsídios à agricultura. Questionado se pretendia também dar subsídios à agricultura brasileira, disse que não.

Subsídios
Serra disse que "o Brasil não precisa do subsídio que tem nos Estados Unidos e na Europa. Ela [a agricultura nacional] já é produtiva naturalmente. O Brasil precisa que não discriminem contra a gente". Segundo o tucano, "o agronegócio é a melhor parte da economia brasileira".
Ele defendeu o fim do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre a fabricação de máquinas agrícolas. "[O IPI" arrecada pouco e, se for retirado, não traz um grande prejuízo", declarou o presidenciável.
Para Serra, o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso fez mais pela agricultura brasileira que todos os outros governos juntos. "Estabilizou a economia, fez o programa de financiamento de tratores que todo mundo apóia tanto, fez a renegociação de dívida e tirou imposto de exportação. As coisas têm de ir sendo feitas. Fez muita coisa? Fez. Falta muita coisa? Claro que falta", disse o tucano.
À noite, Serra visitou FHC em seu apartamento em São Paulo. Depois de cerca de meia hora, saiu sem dar declarações aos repórteres que o esperavam.



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