São Paulo, sexta-feira, 03 de maio de 2002

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Campanha está "travada", diz Vellozo

FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA

Na avaliação de um dos principais articuladores da campanha de José Serra (PSDB) à Presidência, Luiz Paulo Vellozo Lucas, 45, a campanha do tucano está "um pouco travada". A principal causa desse quadro, segundo ele, é a verticalização das coligações.
Prefeito de Vitória (ES) e presidente da Frente Nacional dos Prefeitos, Vellozo Lucas defende o nome da deputada federal Rita Camata (PMDB-ES) para vice na chapa de Serra. Apesar de dizer que não tem uma função específica na campanha, o prefeito de Vitória se define como "soldado" da candidatura Serra: "Trabalho durante 24 horas na campanha".
Em entrevista dada por telefone à Agência Folha, Vellozo Lucas ressaltou que não estava falando em nome do pré-candidato do PSDB. Leia os principais trechos:
 

Agência Folha - A deputada Rita Camata (PMDB-ES) seria um bom nome para vice de Serra?
Luiz Paulo Vellozo Lucas -
É o melhor nome. Tenho muita tranquilidade para falar isso porque foi minha adversária na disputa para a Prefeitura de Vitória. Foi uma adversária leal e tenho muita admiração pela trajetória dela.

Agência Folha - O ex-governador Tasso Jereissati disse que mais importante do que um vice do Nordeste é apresentar um projeto de desenvolvimento para a região.
Vellozo Lucas -
Ele tem toda a razão. A questão do vice é secundária frente a propostas concretas.

Agência Folha - Qual seria esse projeto?
Vellozo Lucas -
O Serra, de todos os candidatos, é o que tem mais idéias próprias. Não adianta a oposição querer colar na testa do Serra o carimbo de candidato da elite porque o Serra é um homem de esquerda.

Agência Folha - Mas e o projeto?
Vellozo Lucas -
Ele vai definir os programas de governo ao longo da campanha e vai aprofundando essas metas, o que tem feito durante seus pronunciamentos.

Agência Folha - Como o sr. avalia a condução da campanha pelo publicitário Nelson Biondi?
Vellozo Lucas -
Acho que a campanha ainda está um pouco travada pela questão da composição com o PMDB, da verticalização, da composição dos palanques regionais. A verticalização trouxe um atraso geral para tudo.

Agência Folha - Há expectativa de uma reaproximação com o PFL?
Vellozo Lucas -
Eu fui uma das primeiras vozes a se manifestar publicamente contra a tese do PFL de lançar a Roseana Sarney sem falar com ninguém. O PSDB não tem uma política de veto a quem quer que seja. Para o PSDB ter o PFL junto é bom, mas a estratégia que o PFL utilizou foi uma coisa divisionista.

Agência Folha - Qual foi o impacto do episódio da ação da PF na empresa Lunus, de Roseana e seu marido, na imagem do Serra? Os Sarney insistiram na tese de que foi armação do candidato tucano?
Vellozo Lucas -
Não respingou no Serra. O que está muito claro é que o governo FHC preserva os ideais republicanos. Certamente muitas oligarquias estaduais do Brasil não têm esse mesmo cuidado. A reação deles foi completamente descabida.

Agência Folha - Com tantos atritos, se eleito, não seria difícil para Serra governar?
Vellozo Lucas -
Governar nunca é fácil. O que é importante para nós é que o Serra é o candidato que tem compromisso em defender e consolidar os avanços conseguidos nos últimos dez anos, o que a oposição não reconhece. Lula agora diz que vai defender a estabilização, mas onde o PT estava quando o Real foi votado? Estava na oposição, votaram contra.



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