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ABC DA COBRANÇA
Na Volks, presidente foi cobrado por solução para ICMS, correção na tabela do IR e política para o setor de automóveis
Empresários criticam Lula e poupam Alckmin
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
A cerimônia de comemoração
dos 15 milhões de carros produzidos pela Volkswagen, ontem, em
São Bernardo do Campo (SP),
berço político do presidente,
transformou-se em um palco de
cobranças ao governo federal.
Empresários pediram solução
para a devolução dos créditos do
ICMS (Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços), trabalhadores exigiram correção na tabela do Imposto de Renda, e os
sindicalistas reivindicaram ao
presidente uma política industrial
para o setor automobilístico, além
de empregos à montadora.
O único poupado das críticas foi
o governador Geraldo Alckmin
(PSDB), que, em duas ocasiões,
foi elogiado pelos executivos da
Volkswagen.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, em seu discurso, disse que a
democracia brasileira permite as
manifestações. "Consolidamos
um processo democrático tão extraordinário que os nossos companheiros trabalhadores podem
participar do ato e até levantar as
faixas que, muitas vezes, precisam
ser enxergadas por todos nós",
afirmou, em referência a uma faixa empunhada pelos operários da
Volkswagen, que assistiam à cerimônia, que pedia correção "já" de
64% na tabela do Imposto de
Renda. Alguns dos funcionários
da montadora também levantavam pequenos cartazes com a inscrição "salário não é renda".
ICMS
A primeira reivindicação foi feita pelo presidente da Volkswagen
do Brasil, Hans-Christian Maergner. Depois de elogiar o governador Alckmin "pela iniciativa de
permitir a compensação de créditos do ICMS em regime especial",
Maergner afirmou que "os exportadores ainda necessitam de uma
solução final do governo federal e
de governos estaduais para evitar
o acúmulo de [créditos] do ICMS
nas exportações".
Vaiado em três ocasiões, o presidente nacional da CUT (Central
Única dos Trabalhadores), Luiz
Marinho, disse que faria uma
"reivindicação light". Depois de
afirmar que pouparia o governo,
uma vez que no domingo, Dia do
Trabalho, já havia encaminhado
suas queixas, Marinho cobrou da
Volkswagen mais investimentos
que garantam a manutenção de
empregos, pois em outubro do
próximo ano vence um acordo
entre a montadora e o Sindicato
dos Metalúrgicos do ABC que, em
troca de produção, estagnou as
demissões.
Na mesma linha, o presidente
do sindicato, José Lopes Feijóo,
que também foi vaiado pelos operários, pediu a criação de mais vagas. "A produção vai bem, mas
falta mão-de-obra. É preciso iniciar um processo de contratações", afirmou.
Feijóo fez reivindicações ao governo federal. "Temos expectativas com relação ao seu governo",
disse a Lula. "É verdade que já recuperamos, nestes dois anos, 218
mil postos de trabalho (...) e que
há muitas coisas positivas sendo
feitas, mas precisamos conversar
sobre uma de nossas reivindicações que constam de seu plano de
governo, porque há uma esperança de que tenhamos uma política
industrial para o setor e não precisemos mais viver de sobressalto,
de crise em crise."
Lula disse que se emocionou ao
ver, num vídeo institucional exibido nas comemorações da
Volks, um TL. "Eu adquiri um
carro desses em 1973 e era o automóvel mais chique daquela época. E eu e a dona Marisa namoramos bastante naquele carro."
O governador Geraldo Alckmin
disse que o Estado tem "compromisso com a geração de emprego,
renda e trabalho", numa crítica
indireta ao governo federal. Ele
anunciou a construção de um viaduto na rodovia Anchieta e afirmou que há "um compromisso
com o governo federal" de construir a pista sul do rodoanel.
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