São Paulo, terça-feira, 03 de maio de 2005

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ABC DA COBRANÇA

Na Volks, presidente foi cobrado por solução para ICMS, correção na tabela do IR e política para o setor de automóveis

Empresários criticam Lula e poupam Alckmin

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

A cerimônia de comemoração dos 15 milhões de carros produzidos pela Volkswagen, ontem, em São Bernardo do Campo (SP), berço político do presidente, transformou-se em um palco de cobranças ao governo federal.
Empresários pediram solução para a devolução dos créditos do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), trabalhadores exigiram correção na tabela do Imposto de Renda, e os sindicalistas reivindicaram ao presidente uma política industrial para o setor automobilístico, além de empregos à montadora.
O único poupado das críticas foi o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que, em duas ocasiões, foi elogiado pelos executivos da Volkswagen.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu discurso, disse que a democracia brasileira permite as manifestações. "Consolidamos um processo democrático tão extraordinário que os nossos companheiros trabalhadores podem participar do ato e até levantar as faixas que, muitas vezes, precisam ser enxergadas por todos nós", afirmou, em referência a uma faixa empunhada pelos operários da Volkswagen, que assistiam à cerimônia, que pedia correção "já" de 64% na tabela do Imposto de Renda. Alguns dos funcionários da montadora também levantavam pequenos cartazes com a inscrição "salário não é renda".

ICMS
A primeira reivindicação foi feita pelo presidente da Volkswagen do Brasil, Hans-Christian Maergner. Depois de elogiar o governador Alckmin "pela iniciativa de permitir a compensação de créditos do ICMS em regime especial", Maergner afirmou que "os exportadores ainda necessitam de uma solução final do governo federal e de governos estaduais para evitar o acúmulo de [créditos] do ICMS nas exportações".
Vaiado em três ocasiões, o presidente nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Luiz Marinho, disse que faria uma "reivindicação light". Depois de afirmar que pouparia o governo, uma vez que no domingo, Dia do Trabalho, já havia encaminhado suas queixas, Marinho cobrou da Volkswagen mais investimentos que garantam a manutenção de empregos, pois em outubro do próximo ano vence um acordo entre a montadora e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC que, em troca de produção, estagnou as demissões.
Na mesma linha, o presidente do sindicato, José Lopes Feijóo, que também foi vaiado pelos operários, pediu a criação de mais vagas. "A produção vai bem, mas falta mão-de-obra. É preciso iniciar um processo de contratações", afirmou.
Feijóo fez reivindicações ao governo federal. "Temos expectativas com relação ao seu governo", disse a Lula. "É verdade que já recuperamos, nestes dois anos, 218 mil postos de trabalho (...) e que há muitas coisas positivas sendo feitas, mas precisamos conversar sobre uma de nossas reivindicações que constam de seu plano de governo, porque há uma esperança de que tenhamos uma política industrial para o setor e não precisemos mais viver de sobressalto, de crise em crise."
Lula disse que se emocionou ao ver, num vídeo institucional exibido nas comemorações da Volks, um TL. "Eu adquiri um carro desses em 1973 e era o automóvel mais chique daquela época. E eu e a dona Marisa namoramos bastante naquele carro."
O governador Geraldo Alckmin disse que o Estado tem "compromisso com a geração de emprego, renda e trabalho", numa crítica indireta ao governo federal. Ele anunciou a construção de um viaduto na rodovia Anchieta e afirmou que há "um compromisso com o governo federal" de construir a pista sul do rodoanel.

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