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BATE-PRONTO
Estudo faz parte de contra-ofensiva para evitar que tucanos levem sozinhos bandeira da responsabilidade fiscal
Governo rebate críticas sobre evolução de gastos públicos
GUSTAVO PATU
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A dois dias de um evento do
PSDB em comemoração dos cinco anos da Lei de Responsabilidade Fiscal, o governo Luiz Inácio
Lula da Silva divulgou ontem estudo que rebate as críticas da oposição em relação à evolução de
gastos com pessoal, contratação
de servidores públicos e distribuição de cargos de confiança.
A Folha apurou que o governo
prepara uma contra-ofensiva política para tentar evitar que os tucanos empunhem sozinhos a
bandeira da responsabilidade fiscal. Além de divulgar mais dados,
combatendo o carimbo de ter elevado gastos e impostos e de fracasso na área social, ministros e
políticos petistas deverão responder à oposição. Lula fez esse pedido em reunião reservada com a
cúpula do PT duas semanas atrás.
Com 18 páginas, o documento,
produzido pela Secretaria do Tesouro Nacional, não traz dados
novos nem faz parte das publicações regulares da área econômica.
No texto, são freqüentes as comparações com os dados de 2002,
último ano da gestão do tucano
Fernando Henrique Cardoso.
FHC, que escreveu artigo no final de semana dizendo que "pressões políticas" ameaçam a Lei de
Responsabilidade Fiscal e lembrando que o PT se opôs a ela, será a estrela do ato tucano amanhã,
em Brasília. Presidenciáveis tucanos também participarão.
Na avaliação de Lula, a oposição, pensando em enfraquecer
sua eventual candidatura à reeleição em 2006, antecipa ataques. Os
oposicionistas alegam que Lula e
o PT usam cotidianamente uma
retórica bélica e que eles antecipam a guerra eleitoral de 2006.
No documento, o governo responde com relativa facilidade à
acusação de ter promovido expansão exagerada de gastos com
o funcionalismo. Sobre os demais
ataques, os dados dão margem a
controvérsias. As despesas com
pessoal crescem ano a ano, mas,
na comparação com o PIB (Produto Interno Bruto), caíram na
administração petista. Foram de
5,6%, em 2002, para 5,1% do PIB
no ano passado, considerando
servidores ativos e inativos -o
resultado foi ajudado pelo crescimento de 5,2% do PIB em 2004.
Mais servidores
Delicada é a discussão sobre o
número de servidores, que incontestavelmente aumentou, e da
distribuição dos cargos de confiança. Para os críticos, esta última
aumentou para permitir o "aparelhamento" do Estado pelo PT.
O total de funcionários ativos e
inativos cresceu de 1.855.856, em
2002, para 1.969.174 em 2004, encerrando trajetória de queda contínua desde o início dos anos 90.
Em 2004, a ampliação do funcionalismo foi apresentada como
política para melhorar os serviços
do Estado. No documento, o Tesouro se diz mais preocupado em
minimizar o aumento do quadro.
Nos primeiros dois anos de Lula, a administração direta ganhou
2.918 novos servidores ativos. As
autarquias, 4.195. As fundações,
35.284. Já o estudo faz comparação pouco usual, com janeiro de
2002, e mostra números menores.
O governo afirma que grande parte da expansão se deve à regularização e substituição de servidores
temporários ou terceirizados.
Os dados mostram expansão
dos cargos tipo DAS (Direção de
Assessoramento Superior) de
18.374, em 2002 (número inflado
pela criação de cargos para equipes de transição), para 19.083. A
proporção de assessores recrutados fora do quadro de servidores
ativos da União foi de 33,8% para
38,4% do total de DAS.
O governo responde que, considerando o número total de cargos
de confiança, incluindo as funções gratificadas, não houve crescimento do número de cargos
nem do percentual de assessores
de fora do quadro. Mas não apresentou esses dados.
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