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Brasil pagou R$ 280 milhões em dízimos a igrejas em 2003, afirma estudo da FGV
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
O brasileiro doou R$ 280 milhões em dízimos a igrejas em
2003. Representando 17,9% da
população, os evangélicos são a
fonte de 66,5% dos recursos
provenientes de dízimos. Os
católicos, 73,8% dos brasileiros,
contribuem com 31,1% das doações. Do total da população,
apenas 0,65% pagaram dízimo.
Os católicos representam
57,7% das pessoas que fazem
doações, e os evangélicos,
40,9%. Ou seja, apesar de menos evangélicos doarem, o valor médio que doam é maior.
O levantamento, divulgado
ontem, foi feito pelo Centro de
Políticas Sociais da Fundação
Getúlio Vargas do Rio a partir
dos dados das Pesquisa de Orçamento Familiar de 2003 do
IBGE. O dízimo é conceituado
como doação mensal periódica
a instituições religiosas e não
inclui doações esporádicas.
Segundo a pesquisa, os que
mais doam mensalmente são
os evangélicos pentecostais,
com R$ 33,87, seguidos pelos
fiéis de religiões orientais
(R$ 33,33) e dos evangélicos
não-pentecostais (R$ 32,51). Os
católicos doam por mês
R$ 10,89. Só os que seguem as
religiões afro-descendentes declaram não pagar dízimos. E
cerca de 8.000 pessoas que declaram não ter religião afirmaram ter pago por mês R$ 27,87.
"Os sem-religião são na verdade um grupo em trânsito.
Eles muitas vezes não se identificam com nenhuma crença,
mas doam em cultos que acabam freqüentando", explica a
pesquisadora do Iser (Instituto
de Estudos da Religião) Christina Vital. Segundo ela, o dízimo é, para o fiel, "um investimento na obra de Cristo".
Pastores
Apesar de o catolicismo ser
ainda maioria na população, há
3,7 pastores de igrejas evangélicas no Brasil para cada padre da
Igreja Católica. Em 1991, a proporção era praticamente a mesma: 1,1 pastor para cada padre.
"Isso tem a ver com a facilidade em se tornar pastor. São
cursos mais curtos, descentralizados. Cada linha possui seu
método. Há cursos até na internet. Na Igreja Católica, há um
processo mais longo", afirmou
Christina Vital.
Já segundo o coordenador da
pesquisa, o economista Marcelo Néri, há outro motivo para o
crescimento do número de pastores. "Antes se tinha culpa por
acumular capital. Hoje se acumula capital através da igreja."
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