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Justiça abre processo contra 13 e estende prisão de três acusados no caso BNDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça Federal de São Paulo aceitou ontem à noite a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal e abriu processo contra 13 pessoas investigadas na Operação Santa Tereza, da Polícia Federal, que investiga um suposto esquema de
desvio de recursos do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O juiz substituto Márcio Ferro Catapani, da 2ª Vara Federal
Criminal de São Paulo, também
decretou a prisão preventiva de
Marcos Vieira Mantovani, João
Pedro de Moura e José Carlos
Guerreiro, que estavam presos
temporariamente na PF.
A Justiça rejeitou, porém, o
novo pedido de prisão do advogado Ricardo Tosto, que integra o conselho de administração do BNDES, por indicação
da Força Sindical, controlada
pelo deputado federal Paulo
Pereira da Silva (PDT-SP). Segundo a denúncia da Procuradoria, duas horas após deixar a
carceragem, no último sábado,
Tosto ligou para Paulinho para
especular as razões da prisão.
Na ligação, interceptada pela
PF com autorização judicial,
Paulinho diz que vai "mexer os
pauzinhos" no Congresso para
convocar o ministro da Justiça,
Tarso Genro, e o superintendente da PF em São Paulo, Jaber Saadi à época, para explicar
por que Tosto havia sido preso.
A procuradora e a PF interpretaram a conversa telefônica
como uma forma de constranger e influenciar os rumos da
investigação. A Justiça não entendeu que isso seria motivo
para nova prisão.
Supremo
O Ministério Público Federal
pediu à Justiça o envio do inquérito ao Supremo Tribunal
Federal e ao Tribunal Regional
Federal da 3ª Região a fim de
que suspeitas de envolvimento
de Paulinho e do prefeito da
Praia Grande, Alberto Mourão
(PSDB), sejam investigadas
-eles têm foro privilegiado.
A Folha não conseguiu localizar o deputado para comentar
a denúncia. O advogado José
Roberto Batochio, que defende
Tosto, diz que o relato do telefonema entre seu cliente e o
pedetista "é uma confissão da
PF de que ela é incompetente"
para seguir com essa investigação. Ele usa o adjetivo incompetente no sentido de falta de
autoridade, não de inabilidade.
A Operação Santa Tereza investiga uma suposta quadrilha
que desviaria parte de empréstimos concedidos pelo BNDES.
O dinheiro desviado era lavado
-ganhava uma aparência legal- ao ingressar como investimento em um bar e restaurante, que funcionava como a fachada legal de um prostíbulo.
Entre os documentos
apreendidos pela PF no dia 24
estão cópias de dois cheques
que, na interpretação da polícia, comprovam a hipótese de
que o prostíbulo lavava o dinheiro desviado. As cópias dos
cheques foram encontradas no
escritório da empresa de consultoria Progus, de Marcos
Mantovani. Há ainda cópia de
um cheque em que aparece a
inscrição "Tosto/Praia Grande". A Prefeitura de Praia
Grande, no litoral paulista, foi
beneficiada por empréstimo de
R$ 124 milhões do BNDES.
(MARIO CESAR CARVALHO)
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