São Paulo, Quinta-feira, 03 de Junho de 1999
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Inquérito vai ser prorrogado por 1 mês

da Sucursal de Brasília

O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro vai prorrogar por pelo menos mais 30 dias o prazo de conclusão do inquérito que investiga o grampo no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Ontem, os procuradores que acompanham o caso pediram ao delegado da Polícia Federal Rubens Grandini novas diligências. Algumas pessoas serão reinquiridas, e outras que não tinham prestado depoimento serão chamadas.
Cópias das 46 fitas com novos diálogos obtidas pela Folha já estão com o Ministério Público e serão enviadas para perícia na semana que vem.
Essas fitas abriram um novo caminho para a investigação, porque indicam que a escuta clandestina feita no BNDES durou mais tempo e envolveu mais gente do que se pensava.
Inicialmente, só duas fitas resultantes do grampo estavam anexadas ao inquérito. O laudo pericial realizado a partir delas indicou escuta clandestina em quatro linhas telefônicas do BNDES nos dias 27 e 28 de julho.
O Ministério Público já começou também a analisar cerca de 60 fitas resultantes da escuta judicialmente autorizada nos telefones de três pessoas: o agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Temílson Antônio Barreto de Resende, o ex-policial federal Celio Rocha e o detetive Adílson de Matos.
Os três estão sendo investigados como possíveis autores do grampo. Até agora, porém, o inquérito ainda não conseguiu reunir elementos suficientes contra ninguém. Não há indiciados.
A procuradora Silvana Batini, que coordena a investigação, disse que as divergências entre a PF e o setor de inteligência do governo citadas pelo ministro Renan Calheiros (Justiça) não influem no andamento do inquérito.
O porta-voz da Presidência, Georges Lamazière, afirmou ontem que o presidente Fernando Henrique Cardoso vai intervir "no momento em que for necessário" na crise entre a área de inteligência federal, comandada pelo general Alberto Cardoso (Casa Militar) e a Polícia Federal, subordinada ao ministro Renan Calheiros.
Anteontem, Calheiros reconheceu que existem divergências no relacionamento entre as duas áreas.
Segundo o porta-voz, o presidente pediu ao ministro Calheiros que esclarecesse melhor suas declarações sobre pressões que estaria sofrendo para influenciar no inquérito da PF que investiga o grampo no BNDES.


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