São Paulo, quarta-feira, 03 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/A LISTA DE VALÉRIO

Coordenador de campanha de 2002 no Estado afirma que dívida de R$ 160 mil foi paga por "uma tal" Simone, após ajuda de Delúbio

PT de Alagoas diz ter recebido dinheiro de BH

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O coordenador da campanha do PT ao governo de Alagoas em 2002, Ricardo Coelho, disse que a dívida de R$ 160 mil contraída na eleição foi paga no início de 2003 por meio de uma pessoa chamada Simone, de Belo Horizonte, após pedir ajuda ao então tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares.
Ele ainda disse à Folha que, a pedido de uma assessora de Delúbio, o dinheiro não foi declarado à Justiça Eleitoral. "Vou ficar mal com o PT por ter dito que recebemos esse dinheiro, mas é o que posso dizer", disse Coelho.
O coordenador disse não se lembrar do sobrenome de Simone nem da empresa que ela representava. E não pôde confirmar se seria Simone Vasconcelos, gerente administrativa da SMPB, da qual é sócio Marcos Valério. Ela é apontada como uma das responsáveis por repassar dinheiro a pessoas indicadas pelo PT.
O valor da dívida do PT alagoano bate com uma informação dada por Marcos Valério. Na lista apresentada por ele com os nomes e os valores repassados ao PT, consta um repasse de R$ 160 mil, em 26 de fevereiro de 2003, para "Paulão - PT do Nordeste".
O presidente do diretório regional do PT em Alagoas e deputado estadual, Paulo Fernando dos Santos, conhecido como Paulão, disse que não se envolveu com a parte financeira da campanha.

Encontro em SP
Ontem, Coelho deu detalhes do pagamento do débito. Ele disse que em dezembro de 2002 esteve reunido com Delúbio durante um encontro do partido em um hotel de São Paulo, quando cobrou ajuda para pagar a dívida. "No encontro do PT no Hilton, tinha mais de 40 pessoas de diferentes Estados para discutir com o Delúbio débitos de campanha de 2002. Tinha até um assessor dele, conhecido como Bola [possivelmente José Mesquita Bolla, lotado na Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial], coordenando a entrada das pessoas na sala onde ele atendia."
Em janeiro de 2003, segundo Coelho, uma assessora de Delúbio chamada Soraia, que trabalhava no comitê de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, telefonou para dizer que uma Simone entraria em contato. No telefonema, Simone teria pedido que o coordenador da campanha enviasse para um endereço em Belo Horizonte o valor do débito, os nomes dos credores e as notas fiscais.
Coelho disse que soube que R$ 80 mil foram repassados diretamente para a produtora responsável pelos programas de TV. Os outros R$ 80 mil foram transferidos para uma conta corrente. "Eu estranhei [o esquema], mas estava tão ansioso para pagar os débitos que não questionei [a origem do dinheiro]. Sou vítima desse negócio", disse Coelho.
O advogado de Delúbio não respondeu ontem os recados deixado pela reportagem.
Em 2002, a senadora Heloísa Helena (PSOL), então no PT, desistiu de disputar o governo de Alagoas. O vereador de Maceió Judson Cabral (PT) disputou a eleição, vencida por Ronaldo Lessa (PSB), reeleito.


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