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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/A LISTA DE VALÉRIO
Coordenador de campanha de 2002 no Estado afirma que dívida de R$ 160 mil foi paga por "uma tal" Simone, após ajuda de Delúbio
PT de Alagoas diz ter recebido dinheiro de BH
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O coordenador da campanha
do PT ao governo de Alagoas em
2002, Ricardo Coelho, disse que a
dívida de R$ 160 mil contraída na
eleição foi paga no início de 2003
por meio de uma pessoa chamada
Simone, de Belo Horizonte, após
pedir ajuda ao então tesoureiro
nacional do PT, Delúbio Soares.
Ele ainda disse à Folha que, a
pedido de uma assessora de Delúbio, o dinheiro não foi declarado à
Justiça Eleitoral. "Vou ficar mal
com o PT por ter dito que recebemos esse dinheiro, mas é o que
posso dizer", disse Coelho.
O coordenador disse não se
lembrar do sobrenome de Simone nem da empresa que ela representava. E não pôde confirmar se
seria Simone Vasconcelos, gerente administrativa da SMPB, da
qual é sócio Marcos Valério. Ela é
apontada como uma das responsáveis por repassar dinheiro a
pessoas indicadas pelo PT.
O valor da dívida do PT alagoano bate com uma informação dada por Marcos Valério. Na lista
apresentada por ele com os nomes e os valores repassados ao
PT, consta um repasse de R$ 160
mil, em 26 de fevereiro de 2003,
para "Paulão - PT do Nordeste".
O presidente do diretório regional do PT em Alagoas e deputado
estadual, Paulo Fernando dos
Santos, conhecido como Paulão,
disse que não se envolveu com a
parte financeira da campanha.
Encontro em SP
Ontem, Coelho deu detalhes do
pagamento do débito. Ele disse
que em dezembro de 2002 esteve
reunido com Delúbio durante um
encontro do partido em um hotel
de São Paulo, quando cobrou ajuda para pagar a dívida. "No encontro do PT no Hilton, tinha
mais de 40 pessoas de diferentes
Estados para discutir com o Delúbio débitos de campanha de 2002.
Tinha até um assessor dele, conhecido como Bola [possivelmente José Mesquita Bolla, lotado
na Secretaria Especial de Políticas
de Promoção da Igualdade Racial], coordenando a entrada das
pessoas na sala onde ele atendia."
Em janeiro de 2003, segundo
Coelho, uma assessora de Delúbio
chamada Soraia, que trabalhava
no comitê de campanha de Luiz
Inácio Lula da Silva, telefonou para dizer que uma Simone entraria
em contato. No telefonema, Simone teria pedido que o coordenador da campanha enviasse para
um endereço em Belo Horizonte
o valor do débito, os nomes dos
credores e as notas fiscais.
Coelho disse que soube que R$
80 mil foram repassados diretamente para a produtora responsável pelos programas de TV. Os
outros R$ 80 mil foram transferidos para uma conta corrente. "Eu
estranhei [o esquema], mas estava tão ansioso para pagar os débitos que não questionei [a origem
do dinheiro]. Sou vítima desse negócio", disse Coelho.
O advogado de Delúbio não respondeu ontem os recados deixado pela reportagem.
Em 2002, a senadora Heloísa
Helena (PSOL), então no PT, desistiu de disputar o governo de
Alagoas. O vereador de Maceió
Judson Cabral (PT) disputou a
eleição, vencida por Ronaldo Lessa (PSB), reeleito.
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