São Paulo, quarta-feira, 03 de agosto de 2005

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Sacador mostra surpresa sobre constar de lista

FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Dono da Ponto Focal, empresa que faz brindes e material de campanha para vários partidos do país, entre os quais o PT, Carlos Cortegoso, conhecido como Carlão do Ponto Focal, aparece na lista fornecida ontem por Marcos Valério à Polícia Federal como beneficiário de repasses de R$ 400 mil das empresas do publicitário.
Quando informado de que seu nome aparecia na lista entregue pelo publicitário mineiro, Cortegoso não soube como reagir. Chegou mesmo a alternar risadas com momentos de constrangimento sobre a situação.
Em entrevista à Folha, Cortegoso disse primeiro desconhecer a operação, depois cogitou a hipótese de que tenha acontecido sem que se desse conta e, aparentemente aturdido, fez troça com a situação.

 

Folha - Como explica os repasses?
Carlos Cortegoso -
Eu não sei. Vamos checar para ver o que é. Não fiz negócio direto com eles. Acho que deve ter algum equívoco. Mas vou checar, porque em negócio de campanha muita gente faz alguma coisa, precisa ver quem paga, quem não paga.

Folha - É possível ter havido depósitos num total de R$ 400 mil sem que você não tenha notado?
Cortegoso -
Não sei, às vezes eu tenho intermediário de material de campanha, é comum. Mas Simone, Marcos Valério, isso aí não tem nada não. A não ser que ele tenha feito algum pagamento de alguma dívida que alguém tinha comigo, isso é que preciso checar.

Folha - Qual a sua relação com a família Demarchi?
Cortegoso -
Minha esposa é Demarchi.

Folha - É parente do Laerte Demarchi [amigo do presidente Lula de São Bernardo do Campo]?
Cortegoso -
Laerte é amigo do Lula. A minha esposa é filha do Sabino, do outro restaurante, concorrente do São Judas, que é o do Laerte. Somos concorrentes. É a mesma família porque é a maior família da América Latina reunida num só município, são mais de 2.000 em São Bernardo.

Folha - Você fez material para campanha de Lula em 2002, não?
Cortegoso -
Fiz um pouco, às vezes faço por uma empresa, às vezes terceirizo o trabalho. Ó eu no meio desse redemoinho agora, caraca. Será? Mas tem certeza?

Folha - Tenho.
Cortegoso -
Vai ver que é um homônimo, hein? É brincadeira [gargalhada]. Caraca, rapaz, você me assustou. Será que alguém fez pagamento? Que chique. Putz, que mandioca. Vou atrás desse trem todo aí, rapaz. A casa caiu agora. A gente nesse ramo de brinde aqui, rapaz, não agüenta dois minutos de fiscalização.

Folha - Por quê?
Cortegoso -
Porque o mercado é muito informal, tem muita informalidade. Se falar que não é mentira, aí vai ser hipocrisia. Não estou mais na idade nem no tempo de brincar. Mas cuidado com o que fala de mim aí. Não vai botar eu [sic] na quadrilha, pô, sou trabalhador. Putz, que mandioca. Dá pra agüentar uns 20 anos de cana, hein? Caramba. Pelo amor de Deus, vamos checar. É que eu estampo muita camiseta, às vezes pode ser só estampa de camiseta.


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