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Sacador mostra surpresa sobre constar de lista
FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL
Dono da Ponto Focal, empresa
que faz brindes e material de campanha para vários partidos do
país, entre os quais o PT, Carlos
Cortegoso, conhecido como Carlão do Ponto Focal, aparece na lista fornecida ontem por Marcos
Valério à Polícia Federal como beneficiário de repasses de R$ 400
mil das empresas do publicitário.
Quando informado de que seu
nome aparecia na lista entregue
pelo publicitário mineiro, Cortegoso não soube como reagir. Chegou mesmo a alternar risadas
com momentos de constrangimento sobre a situação.
Em entrevista à Folha, Cortegoso disse primeiro desconhecer a
operação, depois cogitou a hipótese de que tenha acontecido sem
que se desse conta e, aparentemente aturdido, fez troça com a
situação.
Folha - Como explica os repasses?
Carlos Cortegoso - Eu não sei.
Vamos checar para ver o que é.
Não fiz negócio direto com eles.
Acho que deve ter algum equívoco. Mas vou checar, porque em
negócio de campanha muita gente faz alguma coisa, precisa ver
quem paga, quem não paga.
Folha - É possível ter havido depósitos num total de R$ 400 mil
sem que você não tenha notado?
Cortegoso - Não sei, às vezes eu
tenho intermediário de material
de campanha, é comum. Mas Simone, Marcos Valério, isso aí não
tem nada não. A não ser que ele
tenha feito algum pagamento de
alguma dívida que alguém tinha
comigo, isso é que preciso checar.
Folha - Qual a sua relação com a
família Demarchi?
Cortegoso - Minha esposa é Demarchi.
Folha - É parente do Laerte Demarchi [amigo do presidente Lula
de São Bernardo do Campo]?
Cortegoso - Laerte é amigo do
Lula. A minha esposa é filha do
Sabino, do outro restaurante,
concorrente do São Judas, que é o
do Laerte. Somos concorrentes. É
a mesma família porque é a maior
família da América Latina reunida num só município, são mais de
2.000 em São Bernardo.
Folha - Você fez material para
campanha de Lula em 2002, não?
Cortegoso - Fiz um pouco, às vezes faço por uma empresa, às vezes terceirizo o trabalho. Ó eu no
meio desse redemoinho agora,
caraca. Será? Mas tem certeza?
Folha - Tenho.
Cortegoso - Vai ver que é um homônimo, hein? É brincadeira
[gargalhada]. Caraca, rapaz, você
me assustou. Será que alguém fez
pagamento? Que chique. Putz,
que mandioca. Vou atrás desse
trem todo aí, rapaz. A casa caiu
agora. A gente nesse ramo de
brinde aqui, rapaz, não agüenta
dois minutos de fiscalização.
Folha - Por quê?
Cortegoso - Porque o mercado é
muito informal, tem muita informalidade. Se falar que não é mentira, aí vai ser hipocrisia. Não estou mais na idade nem no tempo
de brincar. Mas cuidado com o
que fala de mim aí. Não vai botar
eu [sic] na quadrilha, pô, sou trabalhador. Putz, que mandioca. Dá
pra agüentar uns 20 anos de cana,
hein? Caramba. Pelo amor de
Deus, vamos checar. É que eu estampo muita camiseta, às vezes
pode ser só estampa de camiseta.
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