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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/A LISTA DE VALÉRIO
Presidente do partido diz que abandono pode trazer desgaste; 21 deputados do PT anunciam autonomia em relação ao governo
Tarso quer tirar legenda de quem renunciar
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O petista que renunciar ao mandato para não perder seus direitos
políticos num processo de cassação não terá direito de concorrer a
cargo eletivo pelo partido no ano
que vem. A tese foi defendida ontem pelo presidente do PT, Tarso
Genro, e será apresentada por ele
já na reunião do Diretório Nacional deste fim de semana caso algum deputado abandone o posto.
"Se um companheiro meu do
PT, deputado federal, neste momento, apresentar sua renúncia,
eu seria favorável a que isso também seja considerado uma renúncia à candidatura [de 2006]",
disse Tarso, em entrevista na sede
nacional petista, em São Paulo.
O presidente do PL, Valdemar
Costa Neto (SP), foi o primeiro
deputado a deixar o cargo, anteontem. Petistas envolvidos no
escândalo do "mensalão" têm levantado a possibilidade de renúncia em conversas reservadas. Entre eles estão João Paulo Cunha
(SP), Professor Luizinho (SP), Josias Gomes (BA), Paulo Rocha
(PA) e João Magno (MG).
O abandono do cargo serviria
para, além de evitar uma eventual
cassação e inelegibilidade até
2015, cessar o desgaste do PT. Tarso acha que o efeito pode ser contrário: "A população pode entender que isso é uma saída para depois ser candidato e daí piorar a
situação. Agora, se a pessoa diz:
"Não, quero renunciar pois quero
me excluir da vida pública por dez
anos, porque estou me aplicando
essa auto-punição", isso pode ser
considerado um gesto positivo
pela população". Para ele, "está
demonstrado que existe uma estrutura paralela de financiamento, com capilaridade nacional".
Ele disse que, como deputado,
só renunciaria em caso de "confissão total de responsabilidade":
"[A renúncia] É uma saída formal
que a pessoa tem o direito de fazer, mas, na minha opinião, o partido tem o direito de resistir politicamente", afirmou. "Vou defender isso nos órgãos partidários e
creio que o PT terá essa postura."
Tarso anunciou que irá oficiar
"todos os companheiros que aparecem em fatos objetivos [do escândalo]" para que apresentem
sua defesa ao PT. A lista dos que
terão de apresentar explicações
formais é de cerca de 15 pessoas.
O ofício precisa ser aprovado pela
Executiva Nacional do partido,
que se reúne amanhã.
Afastamento
Petistas que integram correntes
internas mais à esquerda do Campo Majoritário pretendem apresentar requerimento para o afastamento sumário de todos aqueles que estão envolvidos no escândalo. "Se tivermos propostas fundamentadas, apoiarei o afastamento", disse Tarso, para quem é
preciso seguir todos ritos do partido nas apurações: "A demora
faz parte do processo educativo,
pois entregar duas ou três cabeças
seria um cinismo de nossa parte".
Segundo o líder do governo no
Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), o partido só deverá tomar posição sobre o caso após a argumentação dos parlamentares. O
diretório se reúne no sábado.
Mercadante não acredita que possa haver renúncia em bloco.
Ontem, o bloco de 21 deputados
da esquerda do partido anunciou
a criação do grupo "PT Livre". Segundo o deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), os deputados
passarão a atuar com autonomia
em relação ao governo nas questões a serem apreciadas na Casa:
"Não aceitaremos mais imposições do Campo Majoritário, como acontecia antes. Os projetos
vinham para a gente votar sem
discussões prévias", disse.
Colaborou LEONARDO SOUZA, da Sucursal de Brasília
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