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Saques começaram em janeiro de 2003, diz Simone
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O repasse de dinheiro vivo do
caixa dois do PT na agência do
Banco Rural em Brasília começou
no mês da posse do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva no Planalto, segundo a gerente administrativa da SMPB, Simone Vasconcelos.
Em depoimento à Polícia Federal anteontem, Simone disse que
recebeu o primeiro pedido do
chefe, o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, para os
pagamentos em espécie ainda no
final de 2002. Em seguida, emendou: "Na verdade, o primeiro saque a pedido de Marcos Valério
ocorreu em janeiro de 2003".
Ela foi indicada para a agência
de Valério pelo ex-secretário de
Administração de Minas Gerais
Cláudio Roberto Mourão. Simone e Mourão já haviam trabalhado juntos na campanha de reeleição do atual presidente do PSDB,
Eduardo Azeredo, ao governo de
Minas.
Simone Vasconcelos contou à
PF que, até o primeiro saque em
dinheiro vivo, cuidava de recebimento de faturas, pagamentos a
fornecedores, recursos humanos
e serviços gerais.
A funcionária da SMPB afirmou
não se lembrar do valor nem do
beneficiário do primeiro saque
em dinheiro, que foi feito na agência Brasília do Banco Rural. A lista
dos beneficiários preparada pelo
publicitário e entregue por Simone à Polícia Federal relaciona, no
entanto, saques entre o final de fevereiro de 2003 e setembro de
2004.
Carro-forte
Simone Vasconcelos tampouco
se lembrou quantas vezes voltou à
agência do Rural no nono andar
de um shopping de Brasília desde
janeiro de 2003. Os saques, porém, eram tão freqüentes que, segundo Simone, os empregados do
banco "passaram a conhecer alguns dos destinatários das quantias".
O dinheiro, contou Simone, era
acondicionado em "pastas executivas ou sacolas" que os destinatários dos saques levavam à agência
do Banco Rural. Ela os esperava
numa sala de reunião do banco.
Em algumas ocasiões (duas ou
três, segundo ela), o dinheiro teria
sido sacado e levado ao publicitário no hall de entrada do Hotel
Blue Tree. O hall de entrada do
prédio da Confederação Nacional
do Comércio, onde funcionava o
escritório da SMPB em Brasília,
também foi usado para repasse de
dinheiro do caixa dois. O assessor
da liderança do PP João Cláudio
Genu recebeu num hall de outro
hotel dinheiro levado por um carro-forte.
A lista
No depoimento à PF, Simone
Vasconcelos entregou uma lista
com o nome de 12 pessoas que teriam recebido o dinheiro sacado
em seu nome no Banco Rural: R$
7,77 milhões.
Ela disse lembrar-se de ter entregue pessoalmente dinheiro a
sete pessoas: Genu, o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas, Jair dos
Santos (motorista do ex-presidente do PTB José Carlos Martinez), Emerson Palmieri (tesoureiro do PTB), José Luiz Alves (portador indicado pelo ex-ministro
Anderson Adauto, do PL), Roberto Costa Pinho (ex-assessor do
ministro Gilberto Gil) e Pedro
Fonseca, sócio do advogado Aristides Junqueira.
Além desses, constam também
de sua lista os seguintes nomes:
Carlos Rodrigues (deputado pelo
PP-RJ), Raimundo Ferreira da Silva Jr. e Vilmar Lacerda, ambos do
PT-DF, Josias Gomes da Silva (deputado pelo PT-BA) e José Borba
(deputado pelo PMDB-PR).
Empresas relacionadas
Desde o ano passado, ainda de
acordo com Simone, os repasses
de dinheiro passaram a ser feitos
por meio de duas empresas: a corretora Bônus-Banval, na qual trabalhou a filha de José Janene (PR),
líder do PP na Câmara, e a Guaranhuns Empreendimentos, Intermediações e Participações, cuja
proprietária é uma offshore no
Uruguai.
(MARTA SALOMON e RUBENS VALENTE)
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