São Paulo, quarta-feira, 03 de agosto de 2005

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Ex-tesoureiro do PL diz que sacava dinheiro de Valério para Valdemar

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

GILMAR PENTEADO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas confirmou ontem, em depoimento à Polícia Federal, que sacou dinheiro das contas de empresas que têm Marcos Valério de Souza como sócio. Disse que seguia ordens do presidente do partido, Valdemar Costa Neto.
Segundo levantamento da CPI dos Correios, Lamas sacou R$ 1,25 milhão. Conforme o depoimento, o dinheiro foi entregue na casa em que Costa Neto vive em Brasília. Lamas também disse que também pegava dinheiro para Valdemar na sede da agência SMPB e em hotéis em Brasília.
Valdemar, que será ouvido pela PF, renunciou anteontem ao mandato de deputado federal. Ele assumiu ter recebido os recursos, com a ressalva de que fariam parte de um acordo na aliança PT-PL, na qual os petistas teriam assumido o compromisso de custear despesas eleitorais do PL.
Uma lista elaborada por Marcos Valério aponta Valdemar como destinatário de R$ 10,8 milhões. Além de Lamas, a lista aponta como intermediária do dinheiro, entre a conta de Valério e o presidente do PL, a empresa Guaranhuns Empreendimentos, Intermediações e Participações Ltda. e a corretora Bônus-Banval.
Lamas seguiu a mesma linha do depoimento prestado por João Cláudio Genu, assessor do deputado José Janene (PP-PR). Ambos dizem que cumpriram ordens de um superior e desconhecem o destino dado ao dinheiro. A tese fica mais frágil no caso de Lamas, segundo avaliação da PF. Na condição de tesoureiro do partido, ele deveria ter mais informações sobre o destino dos saques.
O depoimento de Simone Vasconcelos, gerente administrativa da SMPB, e a documentação levada por ela à Polícia Federal comprometeram ainda mais a situação do deputado José Borba (PR), ex-líder do PMDB na Câmara.
Além de apontar Borba como beneficiário de R$ 2,1 milhões vindos das contas de Marcos Valério, Simone também confirmou um episódio investigado anteriormente pela Polícia Federal.
Segundo ela, Borba esteve na agência do Rural em Brasília para sacar dinheiro mas se recusou a apresentar seus documentos e a assinar um recibo. Por conta disso, Simone foi acionada para resolver o impasse. Ela chegou à agência no final da tarde, assinou como responsável pelo saque e deixou o dinheiro à disposição do deputado. Ela, no entanto, negou no depoimento ter tido contato pessoal com o parlamentar.


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