Prefeito entregou gramado sintético de campo do Jardim Iporanga em 4 de julho, último dia permitido pela Lei Eleitoral

Obras de acomodação da grama só acabam no final da próxima semana; custo da reparação do campo de futebol foi de R$ 88 mil

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Na noite de 4 de julho, último dia permitido pela Lei Eleitoral para a participação de candidatos em inaugurações, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) deu o pontapé inicial do gramado sintético do campo do Jardim Iporanga (Capela do Socorro, zona sul de São Paulo).
Terminada a cerimônia, a comunidade local não pôde usar o campos. Na verdade, a obra ainda não está pronta. Os cerca de 350 alunos da escolinha de futebol e os 250 jogadores dos 14 times que se revezam nas competições locais só poderão usar o novo gramado a partir do próximo dia 10.
Ainda ontem, quando a Folha visitou o local, cerca de 30 moradores da comunidade espalhavam os três caminhões de areia necessários para a acomodação da grama sintética. O trabalho seguirá até o fim da próxima semana.
"Os times entraram em campo só para tirar foto. Os jogos começam no Dia dos Pais", afirmou Roberto Carlos da Silva, um dos coordenadores do CDC (Clube da Cidade) José Salles Paraíso, nome oficial do local.
Depois da cerimônia, o "tapete" de grama sintética foi retirado para a conclusão dos trabalhos de drenagem e impermeabilização do solo. Em seguida, a grama foi recolocada para que fosse espalhada uma areia fina. Ainda falta uma camada de borracha triturada, que servirá para deixar o campo mais macio.
De acordo com a prefeitura, aquela área de lazer foi feita com recursos do Programa Mananciais, executado pela Secretaria Municipal da Habitação. Em nota distribuída à imprensa minutos depois da inauguração, em 4 de julho, a assessoria da imprensa relatou que o campo "passou por obras de preparo da terra, drenagem e implantação da grama sintética", a um custo de R$ 88 mil.
Diz a nota que a área de lazer faz parte de um projeto maior, de reurbanização da favela Iporanga/Esmeralda. A parte de infra-estrutura, que incluiu redes de água e esgoto, canalização de um córrego, calçadas e 1.300 apartamentos populares, foi inaugurada em março.
Procurado por meio de sua assessoria de imprensa, Kassab orientou que a Folha procurasse Elisabete França, superintendente de Habitação Popular da Secretaria da Habitação, para falar sobre o caso. Ela negou que a obra estivesse inacabada (leia texto nesta página).

Vereador
Para a comunidade local, a obra é do vereador Milton Leite (DEM). "Foi ele quem conseguiu isso pra gente", disse Silva.
Na rua em frente ao campo, interditada por três caminhões de areia estacionados, estavam também dois carros com propaganda de Leite. Na região, "todo mundo trabalha pra ele".
O vereador admite que teve influência para a realização das obras, que começaram há três meses. "A gente faz emenda ao orçamento e acompanha a execução das emendas", afirmou.


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