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MATO GROSSO DO SUL
Governador contesta reportagem publicada anteontem, sobre relatório que aponta suposto elo com policiais
Zeca do PT nega ter ligação com quadrilha
FABIANO MAISONNAVE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O governador José Orcírio dos
Santos, o Zeca do PT, enviou ontem uma carta em que contesta a
reportagem publicada anteontem
pela Folha descrevendo relatório
reservado do Ministério Público
de Mato Grosso do Sul que aponta supostas ligações dele e de integrantes do seu núcleo de poder
com quadrilha de policiais especializada em roubo e receptação
de camionetes.
Segundo a carta de Zeca, dividida em 16
itens, a reportagem contém "inverdades e uma clara má vontade
em relação à busca da verdade referente aos fatos nela suscitados".
O governador informou também que pediu a seus advogados
que abram "procedimento judicial na esfera cível e criminal contra o jornalista autor da matéria, o
veículo Folha de S.Paulo e os promotores públicos estaduais, autores do referido relatório, a fim de
apurar o grau de responsabilidade de cada um".
Zeca afirma que desconhecia o
relatório e que o repórter "negou-se a entregar, ou mostrar o "tal relatório", para que pudéssemos
respondê-lo e dissipar qualquer
dúvida reinante, esclarecendo todas as questões colocadas".
Em contato por telefone no começo da tarde de quinta-feira, a
Agência Folha informou ao superintendente de Comunicação do
governo, Bosco Martins, sobre o
teor do relatório e solicitou uma
entrevista com Zeca. O pedido foi
reiterado no mesmo dia ao secretário de Governo, Marcos Alex.
Na sexta-feira, Martins solicitou
que as perguntas fossem enviadas
por escrito. Depois de recebê-las,
informou à Agência Folha que Zeca não as responderia e leu uma
nota, cujo conteúdo foi publicado
no domingo. Todas as conversas
foram gravadas.
Diferentemente do que alega, o
governador teve oportunidade de
expressar seu ponto de vista e preferiu não fazê-lo, desqualificando
o relatório por meio de Martins.
Investigação
Zeca diz que não há nenhuma
investigação em curso para apurar ligações entre ele e pessoas do
seu governo com a quadrilha de
policiais, condenada em primeira
instância no final do ano passado.
Não há investigação formal, como a própria reportagem deixa
claro, até porque os promotores a
requisitaram à Procuradoria Geral da República. Mas, para elaborar o relatório, os promotores efetivamente fizeram uma investigação que resultou em mais de mil
páginas de texto.
Na nota, o governador petista
contesta também várias informações do relatório dos promotores
que foram descritas pela reportagem.
Insinua que a reportagem o
acusa de elo com o crime organizado, o que não é verdade. A suposta ligação está no relatório enviado a Brasília, e todas as contestações possíveis dos personagens
do texto foram publicadas.
Também de acordo com Zeca,
uma cópia do relatório foi enviada em março deste ano ao procurador-geral da Justiça de Mato
Grosso do Sul, Sérgio Morelli, que
"analisou-o e determinou seu arquivamento por inconsistência".
A versão de Morelli nega a do
governador. Em entrevista coletiva ontem sobre o caso, Morelli
disse que, apesar de ter recebido o
relatório, não houve nenhum pedido de procedimento investigatório ao Ministério Público Estadual, já que, por envolver o governador, a competência é da Procuradoria Geral da República. Logo,
o documento acabou sendo enviado a Brasília.
Zeca diz que pedirá à Justiça
Eleitoral um direito de resposta.
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