PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BH

Um documento do Banco Central enviado à CPI dos Correios sugere que os empréstimos contraídos pelo empresário Marcos Valério de Souza e pelo PT existiram e eram legais, embora integrantes da comissão parlamentar acreditem que tenha sido apenas uma operação de fachada.
A Folha teve acesso ao documento de quatro páginas da diretoria de Fiscalização do BC, que é assinado por Paulo Sérgio Cavalheiro, diretor do departamento. Ele foi enviado ao presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), dia 13 de setembro.
O documento é uma resposta ao pedido da CPI de informações sobre "análises, auditagens e quaisquer outros estudos e relatórios feitos" pelo BC nos bancos BMG, Rural e Banco do Brasil. Esse documento foi citado na semana passada em uma nota de Marcos Valério, na qual reitera a veracidade dos empréstimos.
As inspeções e fiscalizações, conforme o documento, foram feitas também antes de virem à tona as denúncias que envolvem o PT, Valério e os bancos Rural e BMG. Por conta dessas fiscalizações, o BC determinou que a classificação de risco dos empréstimos fosse elevada, e feitos os respectivos provisionamentos (reserva em dinheiro) por causa de risco de calote.
Segundo o BC, os empréstimos feitos pelo BMG ao PT (R$ 2,4 milhões) e à SMPB Comunicação (R$ 12 milhões) já tinham sido fiscalizados em 28 de fevereiro de 2003.

Valério
Marcos Valério sustenta serem "equivocadas" as suspeitas de que os empréstimos não existiram e nega ter feito "correção nos documentos contábeis das agências SMPB e DNA". Ele diz que na documentação que entregou às autoridades "estão corretamente registradas todas as operações referentes aos empréstimos feitos ao PT". Segundo Valério, o documento do BC "comprova a existência dos empréstimos junto ao Banco Rural e ao BMG".

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