São Paulo, domingo, 03 de dezembro de 2006

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Mandato excede plenário, dizem faltosos

"Dou muito tempo às comissões", diz Osvaldo Coelho; "considero-me absolutamente produtivo", afirma Geddel Vieira Lima

Aldo Rebelo afirma que "o problema da Câmara não tem sido o quórum", mas sim a falta de entendimento entre governo e oposição

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

É sabido que as votações no plenário da Câmara não são a única atividade parlamentar exercida pelo deputado, mas como explicar a ausência a 52% das sessões em quatro anos?
"Dou muito tempo às comissões, aos reclamos das pessoas, procuro influir no Congresso e nos ministérios. Esse é o meu mandato", responde Osvaldo Coelho (PFL-PE), o "campeão" de ausências, com 293 faltas.
Coelho, 75, reúne 190 ausências sob o argumento de "missão oficial", 96 por doença (um problema na coluna que teria resultado em um ano em cadeira de rodas) e 7 não justificadas.
"Tenho oito mandatos na Câmara e três na Assembléia de Pernambuco aprovados pela população. Petrolina, por meus esforços, é o 4º PIB agropecuário do Brasil", diz: "Muitas vezes, sou displicente para ir lá e tocar no botão porque não sou aluno para ser chamado. Estou tranqüilo quanto ao cumprimento do meu dever".

Geddel
Excluídas as ausências por motivo de saúde, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) é o campeão e o que mais foi beneficiado por abonos de falta devido à participação em "missões oficiais". Foram 228 ausências, o que representa 40% das sessões realizadas desde 2003, sendo 23 delas em dias próximos a feriados ou a festejos populares.
"Exerço o mandato como acho que devo, e a população do meu Estado me julga. Como vocês já fizeram essa matéria e eu voltei [foi reeleito] com quase 300 mil votos, a população deve achar que estou fazendo certo", diz Geddel, o primeiro-secretário da Mesa entre 2003 e 2005 e um dos nomes citados para a Presidência da Câmara.
"Considero-me absolutamente produtivo. Ou estou na articulação política ou estava na comissão de finanças ou estava na primeira-secretaria", acrescenta, aproveitando para rebater a avaliação do atual primeiro-secretário, Inocêncio Oliveira (PR-PE), para quem os integrantes da Mesa "têm a obrigação de participar mais das sessões para dar exemplo".
"É o estilo dele. O Inocêncio Oliveira é uma mariposa, não pode ver uma TV Câmara ligada que ele sobe à Mesa [do plenário]", diz, referindo-se à transmissão das sessões pela TV Câmara.
Atrás dele na lista dos que mais recorreram aos abonos sob o argumento de participação em missão oficial estão João Herrmann Neto (PDT-SP), com 221 faltas, Vicente Cascione (PTB-SP), com 203, Jader Barbalho (PMDB-PA), com 197, Cezar Schirmer (PMDB-RS), com 190, Gerson Gabrielli (PFL-BA), com 187, e Ney Lopes (PFL-RN), com 184.
"Tive várias missões, todas elas por ser presidente do Parlamento Latino-Americano", justifica-se Ney Lopes.
Questionado sobre os abonos feitos sem questionamento, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), afirmou que "o problema da Câmara não tem sido o quórum", mas a falta de entendimento político entre governo e oposição para realizar as votações. "O que se pode fazer é verificar se há abuso nesse tipo de justificativa", declarou. (RANIER BRAGON)


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