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Mandato excede plenário, dizem faltosos
"Dou muito tempo às comissões", diz Osvaldo Coelho; "considero-me absolutamente produtivo", afirma Geddel Vieira Lima
Aldo Rebelo afirma que "o problema da Câmara não tem sido o quórum", mas sim a falta de entendimento entre governo e oposição
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
É sabido que as votações no
plenário da Câmara não são a
única atividade parlamentar
exercida pelo deputado, mas
como explicar a ausência a 52%
das sessões em quatro anos?
"Dou muito tempo às comissões, aos reclamos das pessoas,
procuro influir no Congresso e
nos ministérios. Esse é o meu
mandato", responde Osvaldo
Coelho (PFL-PE), o "campeão"
de ausências, com 293 faltas.
Coelho, 75, reúne 190 ausências sob o argumento de "missão oficial", 96 por doença (um
problema na coluna que teria
resultado em um ano em cadeira de rodas) e 7 não justificadas.
"Tenho oito mandatos na Câmara e três na Assembléia de
Pernambuco aprovados pela
população. Petrolina, por meus
esforços, é o 4º PIB agropecuário do Brasil", diz: "Muitas vezes, sou displicente para ir lá e
tocar no botão porque não sou
aluno para ser chamado. Estou
tranqüilo quanto ao cumprimento do meu dever".
Geddel
Excluídas as ausências por
motivo de saúde, Geddel Vieira
Lima (PMDB-BA) é o campeão
e o que mais foi beneficiado por
abonos de falta devido à participação em "missões oficiais".
Foram 228 ausências, o que representa 40% das sessões realizadas desde 2003, sendo 23 delas em dias próximos a feriados
ou a festejos populares.
"Exerço o mandato como
acho que devo, e a população do
meu Estado me julga. Como vocês já fizeram essa matéria e eu
voltei [foi reeleito] com quase
300 mil votos, a população deve
achar que estou fazendo certo",
diz Geddel, o primeiro-secretário da Mesa entre 2003 e 2005
e um dos nomes citados para a
Presidência da Câmara.
"Considero-me absolutamente produtivo. Ou estou na
articulação política ou estava
na comissão de finanças ou estava na primeira-secretaria",
acrescenta, aproveitando para
rebater a avaliação do atual primeiro-secretário, Inocêncio
Oliveira (PR-PE), para quem os
integrantes da Mesa "têm a
obrigação de participar mais
das sessões para dar exemplo".
"É o estilo dele. O Inocêncio
Oliveira é uma mariposa, não
pode ver uma TV Câmara ligada que ele sobe à Mesa [do plenário]", diz, referindo-se à
transmissão das sessões pela
TV Câmara.
Atrás dele na lista dos que
mais recorreram aos abonos
sob o argumento de participação em missão oficial estão
João Herrmann Neto (PDT-SP), com 221 faltas, Vicente
Cascione (PTB-SP), com 203,
Jader Barbalho (PMDB-PA),
com 197, Cezar Schirmer
(PMDB-RS), com 190, Gerson
Gabrielli (PFL-BA), com 187, e
Ney Lopes (PFL-RN), com 184.
"Tive várias missões, todas
elas por ser presidente do Parlamento Latino-Americano",
justifica-se Ney Lopes.
Questionado sobre os abonos
feitos sem questionamento, o
presidente da Câmara, Aldo
Rebelo (PC do B-SP), afirmou
que "o problema da Câmara
não tem sido o quórum", mas a
falta de entendimento político
entre governo e oposição para
realizar as votações. "O que se
pode fazer é verificar se há abuso nesse tipo de justificativa",
declarou.
(RANIER BRAGON)
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