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"Missão oficial" coincide com festa junina
"Da Bahia para cima o São João é uma coisa muito forte", argumenta o pernambucano Carlos Eduardo Cadoca (PMDB)
Maurício Rands (PT-PE)
diz que a participação
do parlamentar na vida cultural da comunidade
faz parte de seus deveres
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma das principais concentrações de deputados em "missão oficial autorizada" acontece no final de junho, quando as
fogueiras de São João e São Pedro ardem país afora, principalmente no Norte e no Nordeste
-regiões com 42% dos parlamentares. Neste ano, 40% dos
deputados estavam em suposta
"missão" no período.
"O São João não tem nenhum significado para boa parte do país, mas da Bahia para cima o São João é uma coisa muito forte", argumenta o pernambucano Carlos Eduardo Cadoca
(PMDB), em "missão oficial autorizada" durante as quatro
sessões de votação realizadas
entre 22 de junho e 3 de julho.
"Se não for uma coisa sistemática, eu até aceito e confesso
que vez ou outra me socorro do
expediente para poder, atendendo à minha base, justificar
uma falta", afirma o deputado,
que ressalta procurar cumprir
"pelo menos esses três ou quatro dias em que são feitas as
chamadas para presença". Ele
se ausentou de 15% das votações da atual legislatura.
Já o paraibano Marcondes
Gadelha (PSB) afirma ser contra a falta e se diz saudoso do
tempo em que as regras para
assegurar a presença do deputado em Brasília "eram rígidas". Ele também teve abonada
a falta às quatro sessões do período final das festas juninas.
"Não sei se justifiquei ou se
levei falta", afirmou, antes de
ser informado de que teve todas as ausências abonadas. "É?
É bom verificar, porque pode
ter... Eu posso... Olha, eu perdi
muito dinheiro também. Tem
viagens não justificadas que fiz
e que a gente perde dinheiro. A
punição é severa", declarou.
Gadelha, que se ausentou de
28% das votações da Legislatura, se explica: "Não acho justificado faltar [para ir às festas juninas]. Mas é uma heresia você
falar isso lá. Se você disser isso
lá, o pessoal não vai aceitar. Afinal de contas, você não pode fazer uma atividade parlamentar
desvinculada das bases".
Vida cultural
O petista Maurício Rands
(PE) diz não ter nenhum problema em justificar suas faltas
para comparecer aos festejos.
"A participação do parlamentar na vida cultural de sua
comunidade é parte do elenco
de deveres do seu mandato. Para mim, inclusive, é muito cansativo porque eu vou de bairro
em bairro nas quadrilhas organizadas pelas comunidades,
então, é um momento de interação e de fortalecimento da vida cultural da região."
Rands faltou a 18% das sessões. A maioria, segundo ele,
em decorrência de sua participação na CPI dos Correios.
Fernando Ferro (PT-PE) estava presente no dia 22, mas teve as faltas abonadas nos dias
27 e 28. "Se faltei pelo São João
reconheço que não é correto,
mesmo com a grande paixão
que tenho. Acho que isso é uma
falta e que [eles] têm que assumir a responsabilidade." Ferro
se ausentou em só 11% das votações nos últimos quatro anos.
Em 2003, primeiro ano da
Legislatura, não houve concentração de missões oficiais no final de junho. No ano seguinte,
há o registro de 264 abonos de
falta na sessão de 29 de junho, o
que representa 52% da Câmara. Em 2005, o período coincidiu com as primeiras semanas
do estouro do escândalo do
mensalão e também não registrou concentração de faltas justificadas.
(RANIER BRAGON)
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