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Cabral discute com Lula nome para Saúde
Governador indicou José Gomes Temporão, que já integra o ministério, no segundo escalão, como novo chefe da pasta
Médico fluminense tem aprovação do presidente; PMDB quer mais três pastas no segundo mandato, mas Lula resiste a conceder seis
VALDO CRUZ
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
o governador eleito do Rio de
Janeiro, Sérgio Cabral Filho,
discutiu a indicação do médico
sanitarista José Gomes Temporão para assumir o Ministério da Saúde em uma das vagas
de seu partido, o PMDB.
Segundo a Folha apurou, Lula gostou da conversa. E está
disposto a bancar Temporão na
Saúde. Ele já está no segundo
escalão da pasta. É o secretário
de Atenção à Saúde.
A nomeação de Temporão,
fluminense como Cabral, faz
parte da estratégia do presidente de fortalecer a aliança
com o governador do Rio. Lula
considerou fundamental o
apoio do peemedebista para
sua vitória no segundo turno.
A cota do PMDB no governo
é de três pastas: Saúde, Minas e
Energia e Comunicações. A
primeira é chefiada interinamente por Agenor Álvares. Os
peemedebistas gostariam de
dobrar a sua representação,
agora que aprovaram oficialmente em reunião do Conselho
Político a proposta de coalizão
com o governo federal.
O presidente, porém, resiste
a conceder seis pastas. Reservadamente, tem falado em quatro ministérios para o partido.
Oficializado o apoio, Lula começará a discutir os cargos explicitamente -reservadamente ele já tem feito isso, apesar
das negativas públicas.
Permanência de vagas
As outras duas vagas que o
partido já possui tendem a ficar
com os atuais titulares. O senador José Sarney já disse a Lula
que deseja manter Silas Rondeau, seu apadrinhado, em Minas e Energia. Sua filha, Roseana Sarney, tida como ministeriável, não quer entrar para o
governo. Avisou a Lula que prefere ajudá-lo no Senado.
Hélio Costa (MG), o outro
peemedebista atualmente no
ministério, senador que representa a bancada do Senado com
aval de Sarney e do presidente
do Congresso, Renan Calheiros
(AL), deve permanecer nas Comunicações.
A nova pasta que Lula deseja
dar ao PMDB é a Integração
Nacional. O deputado federal
Geddel Vieira Lima (BA), que
ensaia uma pré-candidatura a
presidente da Câmara, é o nome aventado para esse posto.
Lula imagina que comporia assim com o partido.
Mas o PMDB quer mais. Renan gostaria de indicar o presidente da Transpetro, Sérgio
Machado (CE), para o Ministério dos Transportes. E a bancada da Câmara cobiçaria mais
uma vaga na área de infra-estrutura. É uma conta difícil de
ser fechada e que será um teste
para a anunciada unidade do
PMDB em apoio a Lula.
Bezerra e portos
O presidente Lula admitiu
publicamente deixar a formação do novo ministério para fevereiro, em negociação conjunta com as presidências da Câmara e do Senado.
No entanto, em conversas reservadas, o petista sinaliza que
poderá confirmar ainda neste
mês toda a equipe do segundo
mandato. Seria um "presente
de Natal" para os ministros, segundo expressão do próprio
presidente Lula.
O presidente, porém, já demonstrou em outras reformas
ministeriais que tende a estender as negociações. Por isso, há
a possibilidade de ele confirmar os atuais ministros que ficarão no mesmo cargo e nomear um ou outro novo integrante do governo.
A disputa por cargos no segundo escalão já começou. A
governadora reeleita do Rio
Grande do Norte, Wilma de Faria (PSB), indicou o senador
Fernando Bezerra (PTB) para o
comando da Infraero, hoje comandada pelo brigadeiro José
Carlos Pereira.
Bezerra perdeu a disputa por
sua reeleição, mas apoiou Wilma, que pediu a Lula que o abrigasse. Bezerra, que é também
líder do governo no Congresso,
ficará sem mandato.
Nos estudos de formatação
do novo ministério, há possibilidade de os principais portos
do país deixarem de ser responsabilidade da pasta dos Transportes e passarem ao controle
do Ministério do Desenvolvimento, capitaneado por Luiz
Fernando Furlan, que tende a
continuar no seu posto.
Outra negociação em curso é
dos parlamentares do PP. Eles
querem manter no governo federal o ministro Márcio Fortes
(Cidades). O presidente Lula,
porém, espera a definição da
disputa interna pelo comando
do partido, atualmente chefiado pelo ex-deputado Pedro
Corrêa (PP-PE).
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