São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2007

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Eleição promove nova elite entre deputados

SILVIO NAVARRO
LETÍCIA SANDER

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A vitória de Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara não só revigorou o PT no Legislativo como também promoverá a ascensão de novos nomes à elite do Congresso.
No PT, o caso mais emblemático é o do deputado Cândido Vaccarezza (SP), principal articulador da eleição de Chinaglia. O poder meteórico do petista entre as siglas que integram o megabloco -PT, PMDB, PP, PR, PTB, entre outros- já lhe rendeu até comparações com o ex-ministro José Dirceu.
Também ganham força no partido outros estreantes, como os parlamentares ligados à ex-prefeita Marta Suplicy (SP), entre eles Jilmar Tatto (SP), peça atuante na campanha de Chinaglia. Outros que ganham destaque são os deputados Odair Cunha (MG), que cuidava das finanças da campanha de Chinaglia à presidência, e Luiz Sérgio (RJ), cotado para assumir a liderança da bancada.
No PTB, que saiu das urnas com 22 deputados eleitos, o maior beneficiado deve ser o atual líder da sigla, José Múcio (PE). Ele tem recebido o apoio do PT na disputa que trava com Roberto Jefferson (RJ) pelo controle do partido e na possível indicação para assumir a liderança do governo na Câmara.
Nos bastidores, a avaliação é que os planos de Múcio de ocupar o cargo só poderão ser frustrados se Lula decidir ceder a vaga ao PSB para apaziguar a divisão provocada pela eleição na Câmara. O PSB apoiou Aldo Rebelo (PC do B-SP).
Outra sigla que ganha com a vitória de Chinaglia é o PR (fusão do PL com Prona). Desde a eleição, o novo partido já agregou pelo menos nove deputados aos 25 eleitos.
Na bancada, o líder Luciano Castro (RR), um dos coordenadores da campanha de Chinaglia, deve ter destaque. "A eleição dele [Chinaglia] oxigena e dá novo vigor à Casa. Estão despontando novos líderes", disse.
Já o PP, dividido na disputa na Câmara, tem uma situação inusitada. Saíram beneficiados, entre outros, Mário Negromonte (BA) e Ricardo Barros (PR), aliados de Chinaglia.
Por outro lado, um dos principais apoiadores de Aldo, Ciro Nogueira (PI), não se prejudicou. Afilhado político do ex-presidente da Casa Severino Cavalcanti, ele conseguiu se manter na Mesa com votos do chamado "baixo clero".
Na oposição, também houve "reciclagem", principalmente no PFL. Na noite em que Chinaglia derrotou Aldo, Ônyx Lorenzoni ganhou a queda-de-braço com ACM Neto pelo comando da bancada. "No Brasil, criou-se a ilusão de que só é bom estar no governo", disse Ônyx, numa indicação de que pretende ter uma atitude fortemente oposicionista.
Apesar do discurso de Ônyx, o PFL deverá ser a sigla que mais se desidratará. A previsão é que ao menos dez dos 65 deputados eleitos migrem para a base do governo.
No PSDB, os maiores vitoriosos foram os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG). O primeiro emplacou mais uma vez o líder da bancada, Antonio Carlos Pannunzio (SP), e terá o aliado Júlio Redecker (RS) na liderança da minoria.
Aécio terá seu indicado, Nárcio Rodrigues (MG), em um dos postos mais cobiçados da Casa, a primeira vice-presidência.


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