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Congresso quer manter veto a obras
Comissões sugerem revisão de decisão de Lula que liberou verba para Petrobras
Para restabelecer bloqueio de repasses são necessários dois terços dos votos de deputados e senadores, uma possibilidade remota
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma semana depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio de veto à lei orçamentária, liberar o pagamento
de R$ 13,1 bilhões a quatro
obras da Petrobras, o Congresso estuda como restabelecer o
bloqueio, provocado por indícios de irregularidades graves
detectadas pelo TCU (Tribunal
de Contas da União).
Nota técnica conjunta das
comissões de Orçamento da
Câmara e do Senado sugere que
as obras voltem a ser consideradas irregulares por meio de
decreto legislativo, como o
"Painel" revelou ontem. Seria
uma forma indireta de derrubar o veto de Lula. A derrubada
depende de dois terços dos votos de deputados e senadores,
uma possibilidade remota.
Reunidos ontem, os líderes
partidários concordaram em
votar na semana que vem o veto
do presidente Lula. A votação
foi uma exigência da oposição
ao governo no Congresso, que
classificou o veto como "uma
falta de ética". DEM, PSDB e
PPS ameaçavam não votar
mais nada caso o assunto não
fosse resolvido logo.
O veto de Lula liberou os pagamentos a quatro obras: as refinarias Abreu e Lima (PE) e
Presidente Getúlio Vargas
(PR), o Complexo Petroquímico do Rio e o terminal de Barra
do Riacho (ES). A lei orçamentária impedia os pagamentos
por causa de preços acima dos
praticados no mercado e falhas
nos projetos, segundo o TCU.
A nota técnica que analisou o
veto de Lula à lei orçamentária
contesta um a um os motivos
apresentados pelo presidente
para justificar a decisão.
Lula alegou prejuízos de R$
268 milhões por mês com a paralisação. "A adoção da medida
extrema de paralisação decorre
de constatação inescapável de
que prosseguir na execução de
empreendimentos nos quais
foram identificados indícios de
irregularidades graves pode ter
como consequência a consolidação de danos iguais ou superiores àqueles que se pretendia
evitar", diz a nota.
Os técnicos insistem que a
inclusão das obras na "lista negra" só aconteceu depois de
"fracassados os esforços" para
esclarecer as pendências.
Lula também alegou que parte das obras encontrava-se em
estágio avançado de execução.
Segundo a nota técnica, só 30%
dos contratos haviam alcançado 90% de execução.
(MARTA SALOMON E MARIA CLARA CABRAL)
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