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INVESTIMENTO SOCIAL
Entre as áreas agora estratégicas para o governo, há projetos que gastaram menos de 50% do orçado
Programas têm gasto abaixo do previsto
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O desempenho dos principais
programas sociais do governo federal não corresponde à ênfase na
área social que o presidente Fernando Henrique Cardoso quer
imprimir aos 22 meses que restam até o final do segundo mandato no Planalto.
Da lista de 54 programas estratégicos definida pelo governo em
fevereiro, dois programas sociais
gastaram menos que 50% do previsto no Orçamento de 2000.
São eles: "Saneamento é vida"
(Secretaria de Desenvolvimento
Urbano - Sedu), com execução de
17%, e "Energia das pequenas comunidades" (Ministério de Minas
e Energia), com 49%. A execução
de outros dois programas estratégicos ligados à Sedu -"Nosso
bairro" e "Morar melhor"- foi
menor que 60%.
O programa "Saneamento básico", ligado ao Ministério da Saúde, gastou 58,9% do previsto na
legislação orçamentária.
Em nota à Folha, o ministro da
Sedu, Ovídio de Angelis, disse que
o problema ocorreu por causa dos
cortes no Orçamento de 2000. Do
orçamento de R$ 1 bilhão, a secretaria teria sido autorizada a aplicar R$ 584,8 milhões.
Problemas operacionais
A assessoria do ministro José
Serra (Saúde) disse que a baixa
execução foi resultado de problemas operacionais nos convênios
com os Estados. Nem a Sedu nem
a Saúde informaram quantas pessoas deixaram de ser atendidas
pelos programas.
Segundo o Ministério da Saúde,
o governo pretende investir R$ 1
bilhão no programa de saneamento este ano, atendendo 36,4
milhões de pessoas. O programa
da Sedu tem o objetivo de melhorar o saneamento das cidades
com mais de 75 mil habitantes. O
da Saúde visa as cidades com até
30 mil habitantes.
A assessoria do Ministério de
Minas e Energia informou que o
programa de "Energia das pequenas comunidades" teve problemas de licitação. Os equipamentos utilizados para levar energia a
lugares isolados são importados
porque aproveitam a luz solar.
O programa de energia tem o
objetivo de atender 20 milhões de
pessoas das regiões Norte e Nordeste. Em 2000, foram atendidas
104 mil em 219 cidades.
Motivos
Entre todos os programas do
governo, 388 ao todo, 43 tiveram
execuções orçamentárias inferiores a 50% no ano passado. Além
dos dois programas sociais já citados, outros sete fazem parte da lista de programas estratégicos.
Nesses casos, os ministérios responsáveis deram outros motivos
-que não o corte de recursos-
para o baixo nível de gastos.
O secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Eduardo Guardia,
disse que o governo reduziu os
gastos com custeio e investimento
de R$ 42,9 bilhões para R$ 35,9 bilhões em maio do ano passado.
"Mas esse limite de gastos foi recomposto durante o ano, chegando aos mesmos R$ 42,9 bilhões no
final de 2000", explicou.
Decreto
As falhas na execução orçamentária fizeram com que o presidente Fernando Henrique Cardoso
baixasse um decreto no mês passado pedindo informações aos
gerentes dos programas.
Pelo decreto, os gerentes terão
de mandar informações mensais
ao Ministério do Planejamento
sobre a execução física das obras e
sobres os pagamentos feitos.
Os motivos para a execução orçamentária inferior a 50% dos sete programas estratégicos são vários.
A assessoria do ministro Eliseu
Padilha (Transportes) informou
que foi aberta uma licitação para a
realização do programa "Manutenção das rodovias em regime de
gestão terceirizada", mas o preço
que as empresas apresentaram
não foi aceito. Portanto, o programa não foi executado em 2000.
No caso dos corredores São
Francisco e Oeste-Norte, que reúnem a construção ou reforma de
várias rodovias federais, o ministério informou que a baixa execução pode estar acontecendo pelos
seguintes motivos:
1) o dinheiro está previsto no
Orçamento, mas o projeto não foi
concluído; 2) licitação não concluída; 3) o Tribunal de Contas da
União apontou irregularidades na
obra; 4) a obra foi impedida por
questões ambientais; 5) a arrecadação do Departamento Nacional
de Estradas de Rodagem ficou
abaixo do previsto; ou 6) limitação de gastos.
Os programas "Parques do Brasil" e "Prevenção e combate a desmatamentos, queimadas e incêndios", do Ministério do Meio Ambiente, foram prejudicados pela
baixa arrecadação de multas por
parte do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama).
Segundo a subsecretária de Orçamento do ministério, Ana Flávia Franco, o programa "Pantanal", que busca meios de desenvolvimento sustentável para a região, teve grande parte de seus recursos bloqueada.
"Isso ocorreu porque não foi
possível assinar um acordo de financiamento externo para o programa", disse. A execução foi de
apenas 5,9%.
A assessoria do ministro da Cultura, Francisco Weffort, não respondeu por que o programa "preservação do patrimônio histórico" teve uma execução orçamentária de apenas 15% em 2000.
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