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QUESTÃO AGRÁRIA
Trabalhadoras rurais reivindicam programa de saúde, aposentadoria e reconhecimento da profissão
Camponesas fazem manifestação em 23 capitais
ELIANE SILVA
DA AGÊNCIA FOLHA EM RIBEIRÃO PRETO
Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher,
entidades camponesas brasileiras
querem reunir até 40 mil mulheres em 23 capitais. O ápice está
previsto para a data da efeméride,
8 de março.
A ação é promovida pela
ANMTR (Articulação Nacional
das Mulheres Trabalhadoras Rurais), grupo formado por cerca de
20 movimentos organizados e
grupos autônomos de mulheres
do campo.
Ginásios municipais e áreas de
universidades públicas servirão
de palco para os acampamentos
com capacidade para alojar pelo
menos mil participantes.
Os objetivos do movimento são
chamar a atenção da sociedade,
debater a questão da discriminação da mulher no campo e cobrar
publicamente do governo respostas às reivindicações da categoria.
O lema da mobilização feminina, que se estende de segunda até
sexta-feira, é "Mulheres Trabalhadoras Rurais Construindo um
Novo Brasil".
A gaúcha Adriana Maria Mezadre, 22, da coordenação nacional
do movimento, diz que as prioridades são a luta por um programa
de saúde pública que atenda à
mulher no campo, por acesso à
aposentadoria e pelo reconhecimento da profissão de trabalhadora rural.
Ser a titular na posse da terra ou
dividir a posse igualmente com o
marido também está na lista das
reivindicações femininas. "Hoje,
apenas 12% dos lotes de assentamentos do Incra estão nas mãos
das mulheres. Há casos em que a
mulher assentada se separa, perde
tudo e volta para os acampamentos", diz Cristiane Campos, do
MST do Rio Grande do Sul.
Além das pautas específicas, o
movimento das camponesas defende as bandeiras comuns de
sem-terra e pequenos agricultores: tratar a reforma agrária como
questão social e não como caso de
polícia, mais crédito e terras para
assentamento, mudanças na política agrária e veto aos alimentos
transgênicos.
Em São Paulo, o acampamento
será montado no estádio do Pacaembu a partir de terça-feira. O
plano é reunir 2.000 mulheres e
cerca de 300 crianças vindas de
várias regiões do Estado.
Marta Suplicy
Segundo a coordenadora Maria
Rodrigues, estão previstos debates no ginásio, uma mobilização
na praça Ramos junto com as trabalhadoras urbanas e um ato ecumênico tendo a prefeita Marta Suplicy (PT) como convidada especial, ícone do movimento.
Em Brasília, uma comissão tentará ser recebida pelo presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Há um ano, a ANMTR reuniu
cerca de 3.000 mulheres em Brasília para pressionar o governo a retirar da reforma da Previdência o
item que mudava a idade de aposentadoria do trabalhador rural
masculino e feminino.
O sucesso na reivindicação incentivou as camponesas a ampliarem o movimento neste ano para
as outras capitais no país.
Além das militantes do MST, integram a ANMTR, fundada em
1997, mulheres ligadas ao MAB
(Movimento dos Atingidos por
Barragens), ao MPA (Movimento
dos Pequenos Agricultores), sindicalistas, índias e grupos independentes como as quebradeiras
de castanha do Pará, as quebradeiras de coco do Maranhão e as
rendeiras do Ceará.
Não estão representadas na entidade as mulheres ligadas à Contag (Confederação Brasileira dos
Trabalhadores na Agricultura),
que devem fazer um evento à parte -As Margaridas Continuam
em Marcha - em Fortaleza, na
quinta-feira.
Em 10 de agosto do ano passado, a Contag reuniu milhares de
mulheres na Marcha das Margaridas em Brasília. O tema era a luta
contra a fome, a pobreza e a violência sexista.
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