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PELO BRASIL
Barragem de Cororobó, inaugurada há 30 anos, atinge nível mais baixo de sua história
Cidade de Canudos volta após a seca
LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador
A seca está trazendo de volta ao
sertão da Bahia a antiga cidade
de Canudos (BA), que havia sido
completamente destruída por
uma guerra no final do século
passado e encoberta pelas águas
da barragem de Cororobó.
Desde que foi inaugurada, há
30 anos, a barragem de Cororobó
atingiu nos últimos dias o nível
mais baixo de volume de água de
sua história, apenas 24 milhões
de metros cúbicos ou 10% de sua
capacidade total.
Com a barragem praticamente
seca, os moradores e visitantes
de Canudos (410 km de Salvador) já podem observar alguns
dos cenários da guerra entre os
seguidores do líder Antonio
Conselheiro e tropas governamentais que provocou quase 20
mil mortes, como ruínas de diversas construções e a igreja.
O município nascido após a
construção da barragem fica a 11
quilômetros da velha Canudos.
"A situação aqui é dramática",
disse o vereador Adailton Santos
Ramos (PSDB).
Segundo Ramos, a seca está colocando em risco toda a área
(1.200 hectares) do perímetro irrigado de Canudos, responsável
pela geração de 1.500 empregos
diretos.
"A água que irriga a região vem
da barragem de Cocorobó. Com
a estiagem, os técnicos terão que
rever os planos de irrigação",
afirmou.
O secretário municipal da Administração, José Cidrônio Dias
de Oliveira, disse que a prefeitura
chegou a contratar sete carros-pipa para abastecer a zona rural
do município, mas que eles não
são suficientes para levar água à
toda a população.
Segundo Oliveira, há 18 meses
não chove em Canudos. "Sem
plantar nada, os moradores daqui sobrevivem de pequenos bicos e do emprego público."
A Prefeitura de Canudos emprega 419 funcionários, a maioria
recebe salário mínimo. Além da
longa estiagem, Canudos convive ainda com um elevado índice
de analfabetismo.
Segundo a prefeitura, 60% das
pessoas com mais de 15 anos não
sabem ler e escrever. A cidade
também não tem ligação por asfalto com nenhum outro município baiano.
"Quase um século depois de
Antonio Conselheiro, os moradores de Canudos continuam
convivendo com a fome, miséria,
ignorância e a indiferença por
parte dos governos estadual e federal", disse Oliveira.
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