São Paulo, quarta-feira, 04 de abril de 2001

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Requerimento no Senado segue com 25 nomes

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A expectativa da oposição de conseguir no Senado as 27 assinaturas necessárias à criação da CPI da corrupção reacendeu ontem temporariamente com a declaração do senador Amir Lando (PMDB-RO) de que assinará o pedido se faltar apenas um apoio.
Mas, como formalmente Lando não assinou e a oposição ainda não convenceu nenhum outro senador, o dia terminou sem avanços: faltam dois dos 27 apoios.
Lando não escondeu seu constrangimento ao se encontrar com o líder do bloco da oposição, senador José Eduardo Dutra (PT-SE), que pedia sua assinatura.
Lando admitiu um "dilema": não quer ser responsabilizado pela não instalação da CPI, mas acha o requerimento amplo demais.
Além disso, Lando diz não querer o desgaste político do apoio à CPI inutilmente, sem que haja reais condições para ela. Ou seja, ele só concorda em ser o último senador a assinar o requerimento.
Líderes governistas procuraram não mostrar preocupação com as declarações de Lando, ainda que de forma reticente. José Roberto Arruda (PSDB-DF), líder do governo no Senado, disse que mais nenhum senador assinará a CPI.
O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), disse que a posição de Lando era esperada e não afrontava a decisão da bancada. "O partido não fechou questão. Esse assunto não é estatutário, programático", disse. Ele e Arruda, porém, tentaram convencer Lando a não defender a CPI.
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) também passou por um constrangimento público em razão da CPI.
O líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro (BA), com outros deputados da oposição, cobrou de ACM que determine aos deputados que seguem sua orientação política -os chamados "carlistas"- que assinem o pedido.
Na Câmara, segundo Pinheiro, há 144 das 171 assinaturas necessárias. Embora tenha dado seu apoio pessoal e tenha sido acompanhado pelos dois senadores do PFL da Bahia (Paulo Souto e Waldeck Ornélas), ACM diz que os deputados irão assinar aos poucos, segundo suas determinações.
"Eles (a oposição) me fizeram sofrer muito nas eleições para presidente do Senado. Tenho de descontar pelo menos a metade agora", disse ACM.
Pinheiro entregou a ACM uma lista de 15 deputados ligados ao senador (14 do PFL e um do PTB) para que sejam convencidos a assinar, mas saiu sem garantias.
"Se eles não assinarem, eu vou ter de dizer na Bahia que o ACM na verdade não quer a CPI ou que não comanda mais a tropa", disse Pinheiro ao senador. "Prefiro que diga que não comando a tropa", respondeu ACM.


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