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RESPONSABILIDADE FISCAL
Redução é menor que o valor indicado pelo Executivo
Judiciário anuncia corte de R$ 45,5 milhões em gastos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Poder Judiciário decidiu cortar apenas R$ 45,5 milhões do seu
próprio orçamento, contra os R$
78,5 milhões que haviam sido indicados pelo governo como necessários para cumprir norma da
Lei de Responsabilidade Fiscal.
O valor foi decidido ontem à
tarde durante reunião do presidente do STF (Supremo Tribunal
Federal), ministro Carlos Velloso,
com os presidentes dos quatro tribunais superiores. Ele corresponde a 58% da expectativa da área
econômica.
Com essa iniciativa, a cúpula do
Poder Judiciário da União recusa-se a seguir a orientação do Executivo sobre os ajustes nas despesas,
mas procura demonstrar "disposição em colaborar".
"O Judiciário vai colaborar com
o esforço nacional de redução de
gastos, mas o corte será feito nos
termos propostos pela nossa comissão técnica, de R$ 45,5 milhões", anunciou Velloso, logo
após o final do encontro com os
outros ministros.
Segundo ele, o montante foi fixado com base em estudo realizado por técnicos dos tribunais sobre dados do Orçamento da
União fornecidos pela área econômica, na semana passada.
O governo cobrou do Judiciário
a redução de R$ 78,5 milhões nas
despesas deste ano. O valor foi estabelecido por meio de um decreto, publicado no último dia 23. O
corte na Justiça seria proporcional ao do Executivo, que a área
econômica anunciou em fevereiro, de R$ 5,8 bilhões.
Em reação à ofensiva do Ministério do Planejamento, Velloso
realizou a primeira reunião com
os presidentes dos tribunais superiores e decidiu pedir ao presidente Fernando Henrique Cardoso
que informasse os dados do Orçamento que haviam servido de base para aquele cálculo.
Formalmente, a divergência sobre o montante do corte surgiu
porque o Judiciário usou um parâmetro diferente do adotado pela área econômica: levou em consideração o orçamento do Executivo após emendas no Congresso
que elevaram o seu valor final, alterando a proporcionalidade.
A Lei de Responsabilidade Fiscal obriga todos os Poderes a fazer
ajustes em seu orçamento quando houver redução de expectativa
de arrecadação ou aumento de
gastos. Com base nessa norma, o
governo exigiu a extensão para o
Judiciário e o Legislativo do corte
promovido no seu próprio orçamento. "Não tem isso de o Executivo dizer o que o Judiciário deve
fazer", reagiu Velloso.
O presidente do STJ (Superior
Tribunal de Justiça), Costa Leite,
disse que o corte deverá comprometer a criação de novas varas da
Justiça Federal em cidades do interior. A instalação dessas varas
de execução fiscal interessa ao governo porque facilita a cobrança
da dívida ativa da União.
(SILVANA DE FREITAS)
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