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Itamar suspeita de governo federal
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O governador de Minas Gerais,
Itamar Franco (PMDB), por meio
de nota oficial, levantou suspeitas
sobre a atuação do governo federal no episódio da invasão da fazenda Renascença, do embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima.
Itamar determinou uma investigação para saber se houve interferência da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) "instigando as
invasões".
"Sob a minha responsabilidade,
mandei verificar se está havendo
interferência da agência do governo federal na área, instigando as
invasões. Porque uma agência
que já fiscalizou a vida pessoal do
governador do Estado é capaz de
tudo", disse ele.
O governador disse que só vai se
pronunciar sobre a invasão após
receber informações do chefe do
Gabinete Militar, coronel Rúbio
Paulino Coelho, e do superintendente do Iter (Instituto de Terras
de Minas Gerais), Marcelo Resende, que foram para a área do conflito a seu pedido.
Itamar não descarta a possibilidade de ir hoje a Uruana de Minas. A invasão é o assunto dominante no Palácio da Liberdade,
tanto que cancelou a sua ida hoje
a Brasília, onde amanhã participaria de uma manifestação pró-CPI da corrupção.
O governador passou todo o dia
de ontem por conta desse desconforto político, já que a invasão só
aconteceu porque ele autorizou a
aproximação do MST.
Havia oito dias que os sem-terra
estavam dominados pela Polícia
Militar, sem condições de avançar
pela ponte do rio São Miguel, que
divide as cidades de Arinos e
Uruana de Minas.
Pelo acordo firmado, o governo
de Minas permitia a manifestação
dos sem-terra na frente da fazenda. Em contrapartida, o MST não
invadiria a fazenda.
A Folha apurou que os assessores do governo mineiro tentavam
contornar o problema buscando
contato com as principais lideranças nacionais do MST, como
João Pedro Stedile. O mesmo foi
feito, já na noite de anteontem,
com as lideranças da coordenação no Distrito Federal e do seu
entorno. Sem sucesso.
Na nota, Itamar disse que orientou a PM a "dialogar com os sem-terra até a exaustão para evitar
conflitos".
PAULO PEIXOTO
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