São Paulo, quarta-feira, 04 de abril de 2001

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Itamar suspeita de governo federal

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), por meio de nota oficial, levantou suspeitas sobre a atuação do governo federal no episódio da invasão da fazenda Renascença, do embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima. Itamar determinou uma investigação para saber se houve interferência da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) "instigando as invasões".
"Sob a minha responsabilidade, mandei verificar se está havendo interferência da agência do governo federal na área, instigando as invasões. Porque uma agência que já fiscalizou a vida pessoal do governador do Estado é capaz de tudo", disse ele.
O governador disse que só vai se pronunciar sobre a invasão após receber informações do chefe do Gabinete Militar, coronel Rúbio Paulino Coelho, e do superintendente do Iter (Instituto de Terras de Minas Gerais), Marcelo Resende, que foram para a área do conflito a seu pedido.
Itamar não descarta a possibilidade de ir hoje a Uruana de Minas. A invasão é o assunto dominante no Palácio da Liberdade, tanto que cancelou a sua ida hoje a Brasília, onde amanhã participaria de uma manifestação pró-CPI da corrupção.
O governador passou todo o dia de ontem por conta desse desconforto político, já que a invasão só aconteceu porque ele autorizou a aproximação do MST.
Havia oito dias que os sem-terra estavam dominados pela Polícia Militar, sem condições de avançar pela ponte do rio São Miguel, que divide as cidades de Arinos e Uruana de Minas.
Pelo acordo firmado, o governo de Minas permitia a manifestação dos sem-terra na frente da fazenda. Em contrapartida, o MST não invadiria a fazenda.
A Folha apurou que os assessores do governo mineiro tentavam contornar o problema buscando contato com as principais lideranças nacionais do MST, como João Pedro Stedile. O mesmo foi feito, já na noite de anteontem, com as lideranças da coordenação no Distrito Federal e do seu entorno. Sem sucesso.
Na nota, Itamar disse que orientou a PM a "dialogar com os sem-terra até a exaustão para evitar conflitos". PAULO PEIXOTO

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