São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2008

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Para atrair Serra, Alckmin negocia 2010

Em encontro, ex-governador nega que Aécio seja padrinho de sua pré-candidatura e promete não cobiçar Planalto daqui a dois anos

Alckmin tem dito que só disputa a Prefeitura de São Paulo se tiver a garantia de que o PSDB paulista estará unido em torno de seu nome

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para conseguir o apoio de José Serra à sua pré-campanha a prefeito neste ano, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) se comprometeu, em uma conversa reservada com o governador de São Paulo, a não postular a candidatura tucana à Presidência em 2010 e manter uma postura de "neutralidade" na disputa interna do partido.
Alckmin, segundo colocado na mais recente pesquisa Datafolha sobre a prefeitura paulistana, quer empenho de Serra na tarefa de unir o partido em torno de seu nome e de convencer o prefeito Gilberto Kassab (DEM) a desistir da disputa.
Alckmin tem dito que só entrará na eleição deste ano se tiver a garantia de que o PSDB paulista estará unido em torno de seu nome. Em conversas reservadas, diz temer ser "cristianizado" ou abandonado pelo partido, como ocorreu em 2006, quando disputou a Presidência e foi derrotado por Lula.
A ala ligada a Serra no PSDB faz parte da administração municipal de Kassab e trabalha por uma aliança que tenha o democrata, terceiro colocado na pesquisa, à frente da chapa.
O ex-governador sinalizou que o Planalto não faz parte de seus planos, pelo menos no curto prazo, e que procurará manter posição de "neutralidade" em uma possível disputa interna dos tucanos em 2010.
Alckmin procurou desfazer a imagem de que sua candidatura a prefeito tem como "padrinho" o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, outro postulante à Presidência e, portanto, concorrente direto de Serra.
Ele também ofereceu ao governador paulista o direito de indicar seu vice neste ano, caso os tucanos montem uma "chapa puro sangue" para a prefeitura, o que só acontecerá se Kassab insistir na reeleição.
Nessa estratégia, Alckmin poderia até concorrer a governador de São Paulo, cargo que ocupou entre 2001 e 2006, se Serra disputar a Presidência.
Os dois se reuniram no domingo, por cerca de uma hora, e conversaram sobre as duas eleições. Foi o primeiro encontro reservado da dupla desde o recrudescimento das relações entre tucanos favoráveis à candidatura Alckmin e os que defendem aliança com Kassab.

Pressão
A pressão é forte. Defensores de Kassab dizem que o PSDB não é unânime em torno de Alckmin. Além disso, negam a possibilidade de o prefeito desistir da disputa.
"O que não aceitamos é que, quando se convida um presidente nacional de um partido para o diálogo, se comece com a tentativa de minar o prefeito de São Paulo, que representa o PSDB também", diz o presidente do DEM, Rodrigo Maia. Ele chega a São Paulo na próxima semana para conversar com o presidente municipal do PSDB, José Henrique Reis Lobo.
Alckmin faz viagem oposta, vai a Brasília na segunda e na terça. Receberá apoio do líder da bancada de deputados federais, José Aníbal, e se reunirá com senadores tucanos. Assim, quer reforçar a idéia de que Serra contraria o PSDB se não trabalhar pela candidatura.


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