São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RUMO ÀS ELEIÇÕES

Coordenador do movimento em Pernambuco desautoriza colegas

"Trégua" política em favor de Lula já divide líderes do MST

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O coordenador do MST em Pernambuco, Jaime Amorim, afirmou que não existe uma posição oficial do movimento em relação à suspensão das invasões pelos sem-terra no período eleitoral com o objetivo de preservar a imagem do pré-candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com dois líderes nacionais do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) -Gilmar Mauro e João Paulo Rodrigues-, o movimento vai dar uma trégua em suas ações entre agosto e novembro, conforme revelou anteontem a Folha, com o objetivo de poupar a imagem do pré-candidato do PT, partido que é geralmente associado ao movimento.
Segundo Amorim, os líderes sem-terra emitiram "opiniões pessoais" ao anunciar uma "trégua". "Não sei por que falaram isso", declarou.
Para o coordenador do MST em Pernambuco, "já foi o tempo em que a burguesia usava isso [as invasões" contra [a oposição". Tentaram isso [associar Lula às invasões e badernas" em abril e não conseguiram", disse.
"Nós partimos do princípio de que as ocupações não prejudicam a campanha do Lula. Ao contrário, criam mais consciência na classe trabalhadora e é uma forma de mudar o voto de muita gente que normalmente votaria em outros partidos", afirmou.

Decisão conjunta
Considerado um dos mais ativos representantes da ala radical do MST, Amorim, 42, disse que novas ondas de invasões já estão previstas para acontecer em todo o país entre julho e novembro.
Segundo ele, uma eventual suspensão das ações nos outros meses só poderia ocorrer após consulta às lideranças estaduais. "No movimento não existem pessoas, nós defendemos uma decisão política conjunta", disse.
"Se tomarmos a decisão de colocar a militância na rua para fazer campanha, serei o primeiro a ir, mas não com o argumento de que as ocupações prejudicam [o candidato do PT", afirmou.
Atuando em Pernambuco desde 1992, o catarinense Jaime Amorim não é filiado a partido político. Apesar disso, já militou no PT e mantém sua preferência pelo pré-candidato petista.


Texto Anterior: Garotinho diz ter apoio informal de integrantes de PMDB, PTB, PFL e PPS
Próximo Texto: Janio de Freitas: O som do destino
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.