São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

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JANIO DE FREITAS

O som do destino

Nenhuma estimativa poderá dar idéia dos gastos e interesses envolvidos em uma Copa do Mundo. São bilhões de dólares na construção de estádios e de infra-estrutura, outros bilhões girados na movimentação de indústria e de comércio mundo afora, os custos em cada país até que um punhado deles chegue à Copa propriamente dita. E, pairando abaixo e acima disso tudo, incalculáveis interesses políticos e, com frequência, mesmo de Estado.
Em nenhuma outra atividade são tantos os países a gastar tanto com a mesma finalidade e simultaneamente.
E, no entanto, a sorte dos gastos e interesses de cada país é entregue a uma só pessoa, em geral incapaz de imaginar a imensidão de valores que a circunda, mas dotada por 90 minutos de um poder maior do que o dinheiro e do que os interesses políticos e mesmo de Estado. Um erro seu -e todos os investidos desse poder gigantesco e efêmero erram muito e sempre- pode ser uma sentença de alcance inimaginável. Com duplo sentido, benfazejo para um lado, deletério para outro. O apito, de repente, é o som do destino.
Há bem mais de meio século discute-se a necessidade de criar meios para impedir a prevalência de decisões erradas, pelos juízes de futebol. Muitos têm considerado que os erros são parte da graça sedutora do futebol desde sua criação. Mas são parte também da desgraça, sob a forma de injustiça -e talvez nada seja pior, no convívio dos homens, do que a injustiça.
Nesse mais de meio século, há muito tempo o avanço tecnológico oferece meios de informação instantânea a um juiz sobre um lance que lhe suscita dúvida ou que merece correção sua. Até a solução simplória de olhar, em poucos segundos, um dos telões que hoje estão em todos os estádios, mesmo isso já seria um avanço contra os erros com injustiça. E os segundos gastos na consulta não implicariam o "esfriamento" temido pelos críticos de inovações e, pode-se imaginar, até acrescentaria expectativa ao que dizem ser a graça do futebol.
Mas entre o avanço tecnológico e seu uso há menos razão do que razões conhecidas.

O objetivo
A divisão no PMDB suscita uma pergunta: os contrários à aliança com o PSDB têm condições de ganhar na convenção? Há pouco, o jornalista Luiz Garcia escreveu um artigo sobre o uso maroto e abusivo do "pode" no jornalismo brasileiro. É a velha história, tudo pode acontecer, pelo menos na temática factual do jornalismo. Dizer que Ciro Gomes pode renunciar à candidatura seria um chute, dentre muitos de todos os dias, mas protegido pela ressalva de que a notícia nada assegura, apenas se ocupa de um fato tão possível quanto a inexistência de renúncia. Ler jornal é atividade que deveria preceder-se de curso específico.
De volta ao PMDB: o que mais interessa à grande maioria dos contrários à coligação com o PSDB é marcar tal posição, que lhes justificará a desobediência à linha partidária para acertos, nos seus Estados, com outros partidos eleitoralmente mais convenientes. As ligações da cúpula peemedebista com o PSDB e com o governo não correspondem às bases do PMDB em muitos Estados.


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