|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JANIO DE FREITAS
O som do destino
Nenhuma estimativa poderá dar idéia dos gastos e
interesses envolvidos em uma
Copa do Mundo. São bilhões
de dólares na construção de estádios e de infra-estrutura, outros bilhões girados na movimentação de indústria e de comércio mundo afora, os custos
em cada país até que um punhado deles chegue à Copa
propriamente dita. E, pairando abaixo e acima disso tudo,
incalculáveis interesses políticos e, com frequência, mesmo
de Estado.
Em nenhuma outra atividade são tantos os países a gastar
tanto com a mesma finalidade
e simultaneamente.
E, no entanto, a sorte dos
gastos e interesses de cada país
é entregue a uma só pessoa,
em geral incapaz de imaginar
a imensidão de valores que a
circunda, mas dotada por 90
minutos de um poder maior
do que o dinheiro e do que os
interesses políticos e mesmo de
Estado. Um erro seu -e todos
os investidos desse poder gigantesco e efêmero erram
muito e sempre- pode ser
uma sentença de alcance inimaginável. Com duplo sentido, benfazejo para um lado,
deletério para outro. O apito,
de repente, é o som do destino.
Há bem mais de meio século
discute-se a necessidade de
criar meios para impedir a
prevalência de decisões erradas, pelos juízes de futebol.
Muitos têm considerado que
os erros são parte da graça sedutora do futebol desde sua
criação. Mas são parte também da desgraça, sob a forma
de injustiça -e talvez nada
seja pior, no convívio dos homens, do que a injustiça.
Nesse mais de meio século,
há muito tempo o avanço tecnológico oferece meios de informação instantânea a um
juiz sobre um lance que lhe
suscita dúvida ou que merece
correção sua. Até a solução
simplória de olhar, em poucos
segundos, um dos telões que
hoje estão em todos os estádios, mesmo isso já seria um
avanço contra os erros com injustiça. E os segundos gastos
na consulta não implicariam o
"esfriamento" temido pelos
críticos de inovações e, pode-se
imaginar, até acrescentaria
expectativa ao que dizem ser a
graça do futebol.
Mas entre o avanço tecnológico e seu uso há menos razão
do que razões conhecidas.
O objetivo
A divisão no PMDB suscita
uma pergunta: os contrários à
aliança com o PSDB têm condições de ganhar na convenção? Há pouco, o jornalista
Luiz Garcia escreveu um artigo sobre o uso maroto e abusivo do "pode" no jornalismo
brasileiro. É a velha história,
tudo pode acontecer, pelo menos na temática factual do jornalismo. Dizer que Ciro Gomes pode renunciar à candidatura seria um chute, dentre
muitos de todos os dias, mas
protegido pela ressalva de que
a notícia nada assegura, apenas se ocupa de um fato tão
possível quanto a inexistência
de renúncia. Ler jornal é atividade que deveria preceder-se
de curso específico.
De volta ao PMDB: o que
mais interessa à grande maioria dos contrários à coligação
com o PSDB é marcar tal posição, que lhes justificará a desobediência à linha partidária
para acertos, nos seus Estados,
com outros partidos eleitoralmente mais convenientes. As
ligações da cúpula peemedebista com o PSDB e com o governo não correspondem às
bases do PMDB em muitos Estados.
Texto Anterior: "Trégua" política em favor de Lula já divide líderes do MST Próximo Texto: Senado: Governo se articula para retirar noventena de votação da CPMF Índice
|