São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2003 |
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VICE-PROBLEMA Para presidente do Senado, vice descumpre "restrições" do cargo Atitudes de Alencar criam "instabilidade", diz Sarney
RAQUEL ULHÔA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), criticou ontem o vice-presidente da República, José Alencar, por cobrar publicamente uma decisão política do governo no sentido de reduzir as taxas de juros e atacar as decisões técnicas da área econômica. Para Sarney, as declarações, feitas quando Alencar ocupava a presidência, "criam instabilidade" num momento em que o país precisa de estabilidade. "Quando se aceita ser vice-presidente da República, você tem que ter unidade [com o titular] na decisão política. Todos nós somos contra a alta de juros. Mas, uma coisa são os juros, outra coisa é a falta de solidariedade do vice-presidente em relação às decisões que são tomadas", disse o presidente do Senado. Sarney disse que considerou "estranha" a atitude de Alencar. Segundo ele, o vice-presidente teria de cumprir algumas "restrições" impostas pelo cargo. Nesse sentido, seu papel seria o de apoiar as medidas do governo, acreditando terem sido tomadas em razão do interesse público. "Todos nós queremos baixar os juros. Essa é uma aspiração nacional, conjunta. Mas não cabe ao vice-presidente da República tomar uma atitude dessa em relação ao presidente, porque isso, sem dúvida alguma, prejudica a imagem. Sobretudo quando o presidente está viajando", afirmou. O senador citou sua própria escolha para ser vice-presidente do ex-presidente Tancredo Neves -que morreu antes de assumir o cargo, fazendo com que Sarney exercesse todo o mandato (1985-1990). Disse ter avisado Tancredo que, tendo discordâncias, o procuraria para discuti-las, e não o faria em público. "Acho estranho [o que Alencar fez]. O vice-presidente não pode fazer isso. É uma restrição que a Vice-Presidência impõe a quem exerce o cargo. Pelo menos é o que eu penso", disse o presidente do Senado. Convocação Sarney confirmou ontem que o governo pretende convocar o Congresso extraordinariamente em julho, para acelerar a tramitação das reformas previdenciária e tributária, que estão na Câmara. Reconhecendo que o custo de uma convocação é alto -cada deputado e senador ganhará dois salários extra no mês pela convocação, totalizando R$ 38 mil-, Sarney disse que poderia ser negociada uma autoconvocação do Congresso, o que dispensaria o pagamento extra. Mas ele deixou claro que não tomará a iniciativa de fazer essa proposta. Segundo o senador, caberia aos líderes partidários a decisão. Sarney afirmou que quer aproveitar o mês de julho para limpar a pauta de votações de medidas provisórias. Há, segundo ele, 40 MPs dependendo de votação. Texto Anterior: Janio de Freitas: Entre Alencar e Palocci Próximo Texto: Senador propõe fim do cargo de vice-presidente Índice |
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