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Temendo crise de autoridade, Lula
deve voltar a conversar com vice
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Avaliando que há risco de crise
de autoridade no governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
pretende conversar novamente
com o vice-presidente José Alencar para que ele modere as críticas
aos juros altos. O Palácio do Planalto também fará nova ofensiva
para tentar diminuir o "fogo amigo" -críticas de outros membros
do governo e de petistas à política
econômica.
Segundo a Folha apurou, a cúpula do governo avalia que o "fogo amigo" desgasta Lula e o leva a
se comprometer com mudanças
pró-crescimento econômico que
talvez não possam ser feitas no segundo semestre, como tem dado
a entender o próprio presidente.
Lula e os três ministros mais influentes do governo, José Dirceu
(Casa Civil), Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Luiz Gushiken
(Comunicação de Governo e Gestão Estratégica), avaliam que é
preciso combater esse bombardeio interno para não perder as
rédeas da economia.
A primeira medida é levar Lula
a ter uma conversa franca com
Alencar. O presidente já o advertiu uma vez, mas o fez de forma
carinhosa, nas palavras de um auxiliar. Agora, Lula está contrariado. Achou desleal Alencar falar
exatamente o oposto do que ele
diz quando o substituía na interinidade da Presidência. Anteontem, o vice pediu decisão "política" para baixar os juros, enquanto
Lula, na Europa, dizia que isso
não aconteceria com "bravatas".
Para auxiliares de Lula, Alencar
produziu uma notícia negativa, tirando a repercussão positiva da
viagem ao exterior.
Mercadante e neo-rebeldes
A Folha apurou que o líder do
governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), também voltou
a incomodar o Planalto com sua
idéia de organizar um debate público no Congresso sobre juros.
Esse debate está previsto para a
próxima quinta-feira, dia 12, cinco dias antes da reunião do Copom (Conselho de Política Monetária), órgão que fixa os juros.
A cúpula do governo acha que
Mercadante criará uma tensão indesejada para pressionar o Copom. Ou seja, se os juros caírem
Mercadante fatura politicamente
e tira o mérito do governo. O raciocínio da cúpula do governo é
que a queda dos juros tem de vir
por decisão da equipe econômica,
a fim de não minar Palocci.
Os 30 deputados federais do PT
que lançaram manifesto contra a
política econômica na quinta-feira passada também estão na lista
de problemas prioritários do governo.
Procurado pela Folha, Alencar
não deu resposta até a conclusão
desta edição. Mercadante disse,
via assessoria, que informou Dirceu do debate no Senado e que o
ministro não se mostrou "preocupado". Afirmou ainda que o debate é iniciativa dos líderes da Casa. Os neo-rebeldes, reunidos ontem, decidiram não aceitar enquadramento.
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