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PT X PT
Berzoini se nega a receber Paim no ministério
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A pedido de José Dirceu (Casa
Civil), o ministro da Previdência,
Ricardo Berzoini, se negou ontem
a receber no ministério o senador
Paulo Paim (PT-RS), que queria
entregar-lhe um projeto alternativo de reforma previdenciária.
A reunião constava da agenda
de Berzoini. Segundo a Folha
apurou, Dirceu orientou Berzoini
a cancelar o encontro em retaliação às críticas de Paim ao governo
e pela avaliação de que a visita dele anteontem ao vice-presidente
José Alencar teve o objetivo de gerar um fato negativo ao governo.
Foi Paim quem provocou Alencar a falar dos juros na coletiva de
anteontem. Na entrevista, Alencar pediu solução "política" para
baixar os juros. Retaliações a
membros do governo e do PT que
falam contra o governo são parte
da estratégia da cúpula do governo para diminuir as críticas. Essas
retaliações serão norma daqui em
diante, segundo a Folha apurou.
Ao chegar ao ministério, o senador e dois técnicos do Senado foram encaminhados à Secretaria
de Previdência Social, onde se
reuniram com o titular da pasta,
Helmut Schwarzer. Na reunião, o
senador e os técnicos apresentaram sugestões para alterar a reforma previdenciária do governo.
"Isso já estava acertado. Tivemos primeiramente uma reunião
com os técnicos. Agora, entregarei ao ministro em mãos a proposta, que discutiremos mais
adiante, depois de ele tomar conhecimento do conteúdo", disse
Paim após falar com os técnicos.
Acompanhado pelos jornalistas, o senador chegou a entrar na
área privativa do gabinete do ministro. Na ante-sala de Berzoini,
no entanto, Paim foi barrado. Assessores do ministro afirmavam
que ele estava com agenda cheia.
"Eu preciso falar com ele apenas
30 segundos. Só para entregar a
proposta nas mãos dele. Depois
nós discutiremos o assunto", argumentou Paim. "O ministro está
em audiência. Não poderá recebê-lo. Mas a proposta será entregue a ele", disse o chefe-de-gabinete do ministro, Paulo Bezerra.
Bezerra não quis informar com
quem Berzoini estava reunido naquele momento. Às 10h30, meia
hora antes do horário do encontro com Paim, ele recebeu o presidente do Instituto de Benefícios e
Assistência dos Servidores Municipais, Jorge Luiz de Almeida.
Apesar do constrangimento,
em tom conciliador, Paim lembrou ao chefe-de-gabinete que o
encontro estava agendado há vários dias. À tarde, no Senado,
Paim mudou o tom e fez duras
críticas a Berzoini. "Lamento a
posição do ministro. Não está à
altura da boa convivência entre o
Executivo e o Legislativo."
Na proposta de Paim, a contribuição dos inativos seria definida
pelos Estados e municípios. "O
princípio seria incluído na Constituição, mas as Assembléias é que
decidiriam se criariam ou não a
contribuição", disse, ressaltando
que a cobrança dos aposentados é
uma demanda dos governadores:
"Não tem praticamente efeito no
governo federal". A proposta prevê ainda que a cobrança seja feita
apenas sobre a parcela da aposentadoria que ultrapassar R$ 2.400.
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