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São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2003

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PT X PT

Berzoini se nega a receber Paim no ministério

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A pedido de José Dirceu (Casa Civil), o ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, se negou ontem a receber no ministério o senador Paulo Paim (PT-RS), que queria entregar-lhe um projeto alternativo de reforma previdenciária.
A reunião constava da agenda de Berzoini. Segundo a Folha apurou, Dirceu orientou Berzoini a cancelar o encontro em retaliação às críticas de Paim ao governo e pela avaliação de que a visita dele anteontem ao vice-presidente José Alencar teve o objetivo de gerar um fato negativo ao governo.
Foi Paim quem provocou Alencar a falar dos juros na coletiva de anteontem. Na entrevista, Alencar pediu solução "política" para baixar os juros. Retaliações a membros do governo e do PT que falam contra o governo são parte da estratégia da cúpula do governo para diminuir as críticas. Essas retaliações serão norma daqui em diante, segundo a Folha apurou.
Ao chegar ao ministério, o senador e dois técnicos do Senado foram encaminhados à Secretaria de Previdência Social, onde se reuniram com o titular da pasta, Helmut Schwarzer. Na reunião, o senador e os técnicos apresentaram sugestões para alterar a reforma previdenciária do governo.
"Isso já estava acertado. Tivemos primeiramente uma reunião com os técnicos. Agora, entregarei ao ministro em mãos a proposta, que discutiremos mais adiante, depois de ele tomar conhecimento do conteúdo", disse Paim após falar com os técnicos.
Acompanhado pelos jornalistas, o senador chegou a entrar na área privativa do gabinete do ministro. Na ante-sala de Berzoini, no entanto, Paim foi barrado. Assessores do ministro afirmavam que ele estava com agenda cheia.
"Eu preciso falar com ele apenas 30 segundos. Só para entregar a proposta nas mãos dele. Depois nós discutiremos o assunto", argumentou Paim. "O ministro está em audiência. Não poderá recebê-lo. Mas a proposta será entregue a ele", disse o chefe-de-gabinete do ministro, Paulo Bezerra.
Bezerra não quis informar com quem Berzoini estava reunido naquele momento. Às 10h30, meia hora antes do horário do encontro com Paim, ele recebeu o presidente do Instituto de Benefícios e Assistência dos Servidores Municipais, Jorge Luiz de Almeida.
Apesar do constrangimento, em tom conciliador, Paim lembrou ao chefe-de-gabinete que o encontro estava agendado há vários dias. À tarde, no Senado, Paim mudou o tom e fez duras críticas a Berzoini. "Lamento a posição do ministro. Não está à altura da boa convivência entre o Executivo e o Legislativo."
Na proposta de Paim, a contribuição dos inativos seria definida pelos Estados e municípios. "O princípio seria incluído na Constituição, mas as Assembléias é que decidiriam se criariam ou não a contribuição", disse, ressaltando que a cobrança dos aposentados é uma demanda dos governadores: "Não tem praticamente efeito no governo federal". A proposta prevê ainda que a cobrança seja feita apenas sobre a parcela da aposentadoria que ultrapassar R$ 2.400.


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