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REFORMAS
Lobby do setor contará com o presidente da CNI em comissão especial na Câmara
Indústria fará pressão para mudar reforma tributária
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O setor industrial já se articula
para liderar pressões por mudanças no projeto da reforma tributária, que considera "tímido". No
cardápio de propostas está a cobrança do ICMS no destino das
mercadorias, que o governo tirou
do texto devido à resistência de
Estados como São Paulo.
O lobby industrial leva uma
vantagem em relação aos de outros setores: o presidente da CNI
(Confederação Nacional da Indústria), deputado Armando
Monteiro (PMDB-PE), é nome
praticamente certo na comissão
especial da Câmara encarregada
de examinar a reforma, que deve
ser instalada hoje.
"A proposta do governo traz
avanços importantes, mas não é
uma reforma estrutural do sistema", diz Monteiro, que pretende
apresentar na comissão emendas
para "aperfeiçoar" o projeto. A
lista de alterações defendidas
mostra que a discussão sobre o tema está avançada entre os industriais. São elas:
1) ICMS no destino - a indústria
considera essa a forma mais eficaz
de desonerar as exportações (porque o sistema atual obriga as empresas a enfrentar burocracia para receber de volta o imposto pago na origem da mercadoria) e
eliminar a guerra fiscal dos Estados por investimentos.
Nesse ponto, Monteiro fala
também como representante de
um Estado consumidor, que teria
a ganhar com a nova regra. O governo também defende a idéia,
mas teme que a polêmica com os
Estados produtores se arraste e
inviabilize a aprovação da reforma neste ano;
2) Nova Cofins já em 2004 - o
governo propôs que a contribuição deixe de ser cobrada sobre o
faturamento das empresas e passe
a incidir sobre o valor agregado,
ou seja, descontando os valores já
pagos em etapas anteriores da
produção. No entanto, o projeto
não fixa prazo para a mudança. A
Fazenda prefere conduzir o assunto sem pressa, até que sejam
avaliados os resultados da alteração similar experimentada a partir deste ano com o PIS, um tributo menos importante;
3) CPMF diferente - a contribuição, por ser cumulativa (incide
em todas as etapas da produção),
é objeto de ampla rejeição na indústria. Como o governo não pode abrir mão da arrecadação, deseja-se que o tributo passe a adotar ao menos parcialmente o critério de valor agregado;
4) Desonerar investimentos -propõe-se o fim (redução talvez
seja mais realista) dos impostos
sobre os investimentos -por
exemplo, quando uma empresa
compra máquinas para elevar a
produção. Nesse caso, a reivindicação ainda é genérica.
A indústria articula um evento
neste mês, reunindo todas as federações estaduais e associações
setoriais, para um posicionamento público e conjunto sobre a reforma tributária. A parte política
do manifesto é previsível: será
postulado que a reforma não pode elevar a carga tributária.
Esse posicionamento foi antecipado na semana passada pela
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo), em documento com críticas ao projeto
do governo.
Em março, sob o argumento de
que era preciso apressar o envio
do projeto ao Congresso, a entidade concordou em basicamente
ratificar o texto nas discussões do
CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), fórum criado pelo Planalto para
examinar as reformas. Agora, a
indústria decidiu abraçar uma
posição mais crítica.
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