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SUCESSÃO
26% dizem que não votariam em presidente de jeito nenhum; taxa de Lula é maior, de 30%, por motivos pessoais
Desemprego pesa mais na rejeição a FHC
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local
Os motivos
que levam 26%
do eleitorado a
dizer que não
votaria em Fernando Henrique Cardoso de
jeito nenhum
são, na sua grande maioria, ligados a problemas econômicos, como o desemprego, e a críticas à
sua administração.
Já a rejeição de 30% dos eleitores
a Luiz Inácio Lula da Silva é baseada, principalmente, em motivos
pessoais e em discordâncias com
sua posição política ou com o PT.
É o que mostra corte da pesquisa
nacional Datafolha sobre as razões
de rejeição aos candidatos favoritos na corrida presidencial.
O desemprego aparece como o
principal motivo isolado da rejeição a FHC. De cada 3 eleitores que
não votam no presidente, 1 diz que
é por causa do aumento do desemprego. Muitos acham que o Plano
Real fez crescer o problema.
Quem se queixa mais são os que
têm renda familiar baixa.
Entre os excluídos Äpessoas de
baixa renda e que estudaram no
máximo até o 1º grauÄ, 24% dizem que não votam em FHC. Desses, 35% apontam o desemprego
como principal motivo.
No grupo dos deslocados Äpessoas de baixa renda, mas que têm
escolaridade médiaÄ, 36% rejeitam o presidente. Desses, pouco
mais de um terço (36%) reclamam
do aumento do desemprego.
Entre os eleitores com renda
mais alta, a principal razão alegada para não votarem no presidente é a insatisfação com o governo.
Na média dos que rejeitam FHC,
31% apontam essa razão. Mas na
elite (pessoas de renda e escolaridade altas) esse percentual é mais
elevado: 44%.
Dizem que o presidente não faz
um bom governo ou que fez promessas e não cumpriu.
É também na elite que há mais
críticas às privatizações. De cada 4
eleitores da elite, 1 (27%) rejeita
FHC. Desses, 13% apontam as privatizações como motivo.
Críticas à política econômica
(21%) e reclamações contra os baixos salários (19%) aparecem como
terceira e quarta principais razões
da rejeição ao presidente.
No primeiro caso, são os excluídos que mais reclamam: 23% encontram na economia motivos para não votar no tucano. Afirmam,
por exemplo, que o presidente diz
que não há inflação, mas que os
preços sobem. "Ninguém mais
tem dinheiro", acrescentam.
Já as queixas contra o salário baixo são mais frequentes entre remediados (renda e escolaridade
médias), deslocados e excluídos.
Nesse item, aparecem também
menções ao fato de o salário mínimo e o rendimento dos aposentados serem considerados baixos.
A imagem do presidente (17%) é
o quinto principal motivo para sua
rejeição. Os que mais reclamam
são os remediados. Dizem que
FHC beneficia mais os ricos, que
ele viaja muito e que é prepotente.
Sua declaração chamando de
"vagabundos" os que se aposentam com menos de 50 anos de idade também aparece como motivo
alegado por 11% dos eleitores que
rejeitam FHC para não votarem
nele. Os excluídos são os mais revoltados com a frase.
Os batalhadores (renda alta e escolaridade baixa) que rejeitam o
presidente têm percentuais mais
altos do que os demais grupos nos
motivos da rejeição ao presidente.
Mas eles representam apenas 0,3%
do eleitorado e, por isso, têm peso
quase nulo na definição da eleição.
Lula
Se os motivos da rejeição a FHC
são mais conjunturais e objetivos
Äo que indica que, em tese, o presidente ainda poderia agir para diminuir sua rejeiçãoÄ, as causas
que levam 30% do eleitorado a não
votar em Lula são intrínsecas ao
próprio candidato petista.
Sob esse aspecto, o desafio de
Lula é mais difícil do que o do presidente. Para eliminar os motivos
que levam quase um terço do eleitorado a rejeitá-lo, o petista precisaria mudar radicalmente a sua
própria imagem.
Dos que rejeitam o petista, 36%
não votam nele por motivos ligados à imagem. "Não tem cultura", "antipatizo com ele",
"promete coisas que não pode
cumprir" e "não gosto do jeito
dele falar" são frases frequentes
em todos os grupos sociais.
A posição política aparece logo a
seguir: 35% dos que não votam de
jeito nenhum no petista afirmam
que ele é "agitador", "anarquista" e "baderneiro". São adjetivos mais comuns na boca de remediados e deslocados.
Entre os eleitores da elite que rejeitam Lula, destaca-se a antipatia
pelo seu partido: 31% dizem que
não gostam do PT e/ou que o partido é comunista ou radical.
Os batalhadores formam o grupo mais resistente ao petista. Não
por acaso, é nesse segmento que
FHC leva a maior vantagem sobre
Lula na pesquisa de intenção de
voto: tem 37% dos votos, contra
18% do candidato do PT.
Desses eleitores de renda alta e
escolaridade baixa, 45% dizem
não votar em Lula de jeito nenhum. Os principais motivos são
antipatia pessoal, a idéia de que ele
"não tem cultura", e a opinião de
que ele é um "agitador".
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