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SUCESSÃO
Lázaro Brandão, presidente do Bradesco, afirma que a ascensão de Lula nas pesquisas "não preocupa"
Para empresários, déficit é pior que Lula
ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local
O déficit público (gastos governamentais
maiores do que
a arrecadação
de impostos)
preocupa mais
os empresários
do que a ascensão de Luiz Inácio
Lula da Silva, o pré-candidato da
aliança de esquerda à Presidência.
Esse é o consenso entre investidores e empresários, representantes de grupos nacionais e estrangeiros, ouvidos pela Folha sobre o
crescimento das intenções de voto
no petista e a queda da popularidade do presidente Fernando
Henrique Cardoso.
Joel Korn, presidente da Câmara
Americana de Comércio do Rio de
Janeiro, disse que o déficit público
é a maior preocupação dos empresários porque todos os esforços de
estabilização ficarão insustentáveis com o persistente desequilíbrio das contas públicas.
"O Brasil deve continuar
atraindo capitais expressivos,
principalmente para as privatizações dos setores de energia elétrica
e de telecomunicações", afirmou.
Para Korn, Lula não assusta porque, se eleito, "não poderá fazer
nada muito diferente, uma vez que
o país não pode se isolar da globalização nem prescindir do investimento externo".
Lázaro Brandão, presidente do
Bradesco, disse que a ascensão de
Lula não assusta a instituição financeira. "Estamos numa democracia, com as regras colocadas e
não há nenhuma preocupação."
Para ele, a causa da instabilidade
no mercado de ações é o atraso das
reformas necessárias para eliminar a vulnerabilidade externa do
país.
"Naturalmente temos condições de mostrar um avanço na redução do déficit público.Tudo isso
ainda não foi mostrado muito claramente. Qualquer sinal externo
ou interno que acaba afetando as
Bolsas se cinge a isso. O governo
tem que encarar com muita seriedade a redução do déficit público
para afastar definitivamente esses
problemas", afirmou.
Mudança de rumo
John Edwin Mein, presidente da
Câmara Americana de Comércio
de São Paulo, disse que os investidores americanos vêem com naturalidade a ascensão de Lula nas
pesquisas de intenção de voto.
Segundo Mein, os investidores
ficam preocupados, não por uma
questão ideológica, mas por causa
de uma possível mudança de rumo da política econômica, no caso
de uma vitória da coligação de esquerda nas eleições de outubro.
"Os empresários gostam de previsibilidade. Qualquer fator que
possa afetar a previsibilidade econômica atinge as decisões de investimentos diretos."
Mein disse que a suposta intenção de Lula de suspender o programa de privatizações é o que
mais preocupa os empresários.
"Por que parar um programa
que gera os recursos que permitem ao governo exercer melhor as
suas funções específicas nas áreas
de saúde, educação, segurança?"
Hermann Wever, presidente da
alemã Siemens, disse que o crescimento do apoio a Lula é normal
no regime democrático do país.
Segundo Wever, os investidores
estrangeiros, que já não estavam
preocupados com Lula nas eleições de 94, temem muito menos
um vitória da oposição na eleição
deste ano.
"Mas, entre todas as alternativas, a reeleição de Fernando Henrique Cardoso traria menos comoções e mais tranquilidade para
o mercado", disse.
País democrático
Manoel Felix Cintra Neto, presidente da BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros), disse que o aumento das taxas de juros no mercado a termo, onde chegou a 30%
em comparação com o nível atual
de 21%, mostra apreensão dos investidores, mas a causa disso não é
apenas o fortalecimento da candidatura Lula.
"Não podemos responsabilizar
o Lula por tudo de ruim nos mercados. Há outros fatores de instabilidade, principalmente as crises
na Ásia e na Rússia. Até a má forma da seleção brasileira afeta o
humor do mercado", afirmou.
Celso Giacometti, sócio-diretor
da Arthur Andersen, disse que a
possibilidade de Lula vencer as
eleições não preocupa os investidores estrangeiros. "O Brasil é um
país democrático onde as instituições funcionam", disse
Giacometti disse que, para os investidores, a maior causa de intranquilidade é o déficit público.
"Isso mostra que o governo não
está sendo capaz de gerenciar a situação fiscal, apesar do aumento
dos impostos."
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