São Paulo, quinta, 4 de junho de 1998

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JUSTIÇA

Sem-terra são libertados na Bahia

da Agência Folha, em Salvador

Os seis sem-terra que estavam presos há 15 dias, acusados de terem participado de saque a um armazém do governo da Bahia, foram recebidos de volta ontem pelas 120 famílias acampadas na localidade de Itamotinga, distrito de Juazeiro (500 km de Salvador).
A Justiça baiana determinou a libertação do grupo na noite de anteontem. O juiz Cláudio Pereira expediu o alvará de soltura, depois de ouvir os acusados no fórum de Curaçá (593 km de Salvador), onde ocorreu o saque.
Segundo a advogada Flor-de-Maria Nascimento, 49, o juiz acatou o pedido de relaxamento do flagrante.
"Ele entendeu que os réus eram primários e somente saquearam a loja porque estavam com fome", disse a advogada. Os sem-terra irão responder em liberdade as acusações de roubo e formação de quadrilha.
Na audiência com o juiz, os acusados disseram que saquearam a loja da "Cesta do Povo", como é chamado o programa de abastecimento do governo, porque estavam com fome e não suportavam o sofrimento das crianças, no acampamento da fazenda Jacaré, em Itamotinga.
A coordenadora da CPT (Comissão Pastoral da Terra), ligada à Igreja Católica e que apóia os sem-terra, Marina Braga, 42, disse que logo após terem sido libertados, na noite de anteontem, os trabalhadores foram recebidos com festa, "com direito a churrasco e fogos de artifício", no bairro Alto da Aliança, em Juazeiro.
Somente no início da tarde de ontem, os sem-terra voltaram para o acampamento.
A loja da "Cesta do Povo" foi saqueada no último dia 18 de maio por cerca de 200 sem-terra ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) .



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