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PSDB tenta barrar CPI da Habitação na Assembléia de SP
Suspeito de receber propina, o líder tucano na Casa, Mauro Bragato, negou em discurso acusação e chorou no plenário
Aliados de Alckmin e Serra fazem manobra e minimiza acusações para evitar que
o Legislativo estadual investigue o ex-secretário
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com as bênçãos do Palácio
Bandeirantes, a base de apoio
do governador José Serra
(PSDB) e aliados do ex-governador Geraldo Alckmin, também tucano, já se articulam para impedir a instalação de uma
CPI na Assembléia paulista que
investigue irregularidades na
CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), apuradas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público.
Enquanto o líder do governo,
Barros Munhoz, e o presidente
da Casa, Vaz de Lima (PSDB),
manobram e afirmam que não
há como desrespeitar a ordem
cronológica dos pedidos de
criação de CPIs (o da CPI da
CDHU é o 15º), a tropa aliada
foi ontem ao plenário elogiar o
líder do PSDB, Mauro Bragato,
que chegou a chorar ao se defender de acusações.
Num discurso de pouco mais
de 11 minutos, Bragato citou
"sua vida modesta" como demonstração de que não teria recebido dinheiro de uma empreiteira, a FT. "Prova disso é
meu patrimônio mais moral
que material", afirmou ele.
De acordo com investigações
comandadas pelo Ministério
Público e pela Polícia Civil,
Bragato, ex-secretário de Habitação na gestão Alckmin, foi
acusado por Edson Menezes,
ex-mestre-de-obras da FT, de
ter recebido envelopes com valores entre R$ 1.500 a R$ 4.000.
Antes mesmo de Bragato subir a tribuna, Barros Munhoz já
condenava, numa solenidade
no Palácio dos Bandeirantes, a
idéia de instalação da CPI. "Não
tem como fugir do critério, o da
ordem cronológica". Além disso, minimizou acusações.
Em plenário, Munhoz disse
que Bragato era um "paradigma de homem público". O líder
do governo contou que, preocupado, o secretário da Casa
Civil, Aloysio Nunes Ferreira,
pediu que os governistas dessem "suporte" a Bragato.
"Ele [Aloysio] pensa como
nós", disse o líder.
O próprio Serra manifestou-se contrário à idéia de CPI durante entrevista no Palácio. "Isso está sendo investigado pelo
Ministério Público e pela polícia. Melhor investigação que
essa, impossível. Naturalmente
haverá quem queira dar repercussão política antes mesmo de
ter aprofundamento da investigação feita pelo Ministério Público e pela polícia, que, ao meu
ver, são o caminho natural",
afirmou o governador.
Serra disse ainda que o próprio deputado defendia a "averiguação" dos fatos. Duas horas
depois, Bragato anunciou que
encaminharia um ofício autorizando a quebra de seus sigilos
bancário e fiscal.
Segundo tucanos, Serra teria
dito, numa reunião, que Bragato "é do bem". No tucanato, duvida-se que Bragato tenha engordado seu patrimônio com
dinheiro da empresa, mas admite-se a hipótese de recebimento de ajuda não declarada
para a campanha, o caixa dois.
Autor do requerimento de
instalação da CPI, o deputado
Ênio Tatto (PT) foi à tribuna
para defender a investigação.
O secretário de Habitação,
Lair Krähenbühl, defendeu que
se concluam as investigações
antes de falar em CPI.
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