São Paulo, quarta-feira, 04 de julho de 2007

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PSDB tenta barrar CPI da Habitação na Assembléia de SP

Suspeito de receber propina, o líder tucano na Casa, Mauro Bragato, negou em discurso acusação e chorou no plenário

Aliados de Alckmin e Serra fazem manobra e minimiza acusações para evitar que o Legislativo estadual investigue o ex-secretário

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com as bênçãos do Palácio Bandeirantes, a base de apoio do governador José Serra (PSDB) e aliados do ex-governador Geraldo Alckmin, também tucano, já se articulam para impedir a instalação de uma CPI na Assembléia paulista que investigue irregularidades na CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), apuradas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público.
Enquanto o líder do governo, Barros Munhoz, e o presidente da Casa, Vaz de Lima (PSDB), manobram e afirmam que não há como desrespeitar a ordem cronológica dos pedidos de criação de CPIs (o da CPI da CDHU é o 15º), a tropa aliada foi ontem ao plenário elogiar o líder do PSDB, Mauro Bragato, que chegou a chorar ao se defender de acusações.
Num discurso de pouco mais de 11 minutos, Bragato citou "sua vida modesta" como demonstração de que não teria recebido dinheiro de uma empreiteira, a FT. "Prova disso é meu patrimônio mais moral que material", afirmou ele.
De acordo com investigações comandadas pelo Ministério Público e pela Polícia Civil, Bragato, ex-secretário de Habitação na gestão Alckmin, foi acusado por Edson Menezes, ex-mestre-de-obras da FT, de ter recebido envelopes com valores entre R$ 1.500 a R$ 4.000.
Antes mesmo de Bragato subir a tribuna, Barros Munhoz já condenava, numa solenidade no Palácio dos Bandeirantes, a idéia de instalação da CPI. "Não tem como fugir do critério, o da ordem cronológica". Além disso, minimizou acusações.
Em plenário, Munhoz disse que Bragato era um "paradigma de homem público". O líder do governo contou que, preocupado, o secretário da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, pediu que os governistas dessem "suporte" a Bragato.
"Ele [Aloysio] pensa como nós", disse o líder.
O próprio Serra manifestou-se contrário à idéia de CPI durante entrevista no Palácio. "Isso está sendo investigado pelo Ministério Público e pela polícia. Melhor investigação que essa, impossível. Naturalmente haverá quem queira dar repercussão política antes mesmo de ter aprofundamento da investigação feita pelo Ministério Público e pela polícia, que, ao meu ver, são o caminho natural", afirmou o governador.
Serra disse ainda que o próprio deputado defendia a "averiguação" dos fatos. Duas horas depois, Bragato anunciou que encaminharia um ofício autorizando a quebra de seus sigilos bancário e fiscal.
Segundo tucanos, Serra teria dito, numa reunião, que Bragato "é do bem". No tucanato, duvida-se que Bragato tenha engordado seu patrimônio com dinheiro da empresa, mas admite-se a hipótese de recebimento de ajuda não declarada para a campanha, o caixa dois.
Autor do requerimento de instalação da CPI, o deputado Ênio Tatto (PT) foi à tribuna para defender a investigação.
O secretário de Habitação, Lair Krähenbühl, defendeu que se concluam as investigações antes de falar em CPI.


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