São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2008

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CPI isenta Yeda e o 1º escalão do governo de fraude no Detran-RS

Comissão, que tem maioria governista, vota hoje relatório que cita 41 pessoas supostamente envolvidas em desvio de R$ 44 mi

Oposição, liderada pelo PT, prepara relatório paralelo no qual pede o indiciamento da governadora e de quatro ex-secretários da tucana


GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Depois de provocar desgastes à governadora Yeda Crusius (PSDB), a CPI da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul que investiga o desvio de R$ 44 milhões do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) gaúcho termina hoje com um relatório que isenta a tucana de responsabilidade na fraude.
Às 9h de hoje, os deputados votam o texto do relator Adilson Troca (PSDB), a cuja conclusão a Folha teve acesso.
A CPI foi uma fonte constante de problemas para a governadora. Foi ali que a oposição exibiu grampos telefônicos e documentos obtidos pela Polícia Federal que provocaram a queda de quatro secretários do governo de Yeda.
Segundo o relatório de Adilson Troca, 41 pessoas foram responsáveis pela fraude no Detran -nenhuma com foro privilegiado, como Yeda ou membros do primeiro escalão do governo tucano.
O relatório de Troca, que conta com a maioria governista de 7 dos 12 integrantes da CPI para ser aprovado, reconhece a existência de um esquema de desvio a partir do superfaturamento nos preços das carteiras de motoristas e cita 41 pessoas como responsáveis pela fraude -entre elas o empresário tucano Lair Ferst e os ex-presidentes do Detran Flávio Vaz Netto e Carlos Ubiratan dos Santos, que negaram envolvimento.
Não há novidades significativas em relação à denúncia feita pelo Ministério Público Federal, em maio, que resultou em uma ação criminal contra 40 pessoas por crimes como locupletamento em dispensa de licitação, peculato (desvio de dinheiro público), corrupção e formação de quadrilha.

Relatório paralelo
A oposição a Yeda, liderada pelo PT, preparou um relatório paralelo que pede o indiciamento da governadora, de quatro ex-secretários, do deputado federal José Otávio Germano (PP) e do presidente do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Rio Grande do Sul, João Luiz Vargas, por improbidade administrativa.
Segundo o PT, depoimentos e evidências colhidas durante a investigação da PF -carta na qual Lair Ferst detalha o esquema antes de ele se tornar público- indicam que a governadora teria deixado de tomar providências para impedir a fraude.
Outro item do relatório petista é um pedido de investigação da compra da casa da governadora. Em dezembro de 2006, a tucana comprou a casa por R$ 750 mil -valor superior ao valor total dos bens declarados pela tucana em maio.
A assessoria de Yeda disse que ela não comentaria a CPI. Para o porta-voz do governo, Paulo Fona, a suspeita sobre a compra da casa da governadora é um "factóide do PT".
O PT também pediu o indiciamento dos ex-secretários Delson Martini (Governo), Marcelo Cavalcante (Representação no Distrito Federal), Cézar Busatto (Casa Civil) e Ariosto Culau (Planejamento) por improbidade.
Os petistas querem ainda o indiciamento do deputado Germano, que apareceu em escutas telefônicas discutindo com Vaz Netto o curso de uma investigação do TCE sobre a fraude no Detran. Germano é o padrinho político dos dois ex-presidentes do Detran acusados de receber propina do esquema.
Vargas teria sido citados sob as iniciais JLV em atas de reuniões dos acusados. Ele afirmou que só se manifestaria na defesa que deverá entregar ao TCE nesta sexta-feira.


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