São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/RETÓRICA DA CRISE

Em Teresina, militantes do PSTU e do PSOL fazem manifestação contra o presidente

MST promete defender Lula; extrema esquerda protesta

DA AGÊNCIA FOLHA, EM GARANHUNS

COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM TERESINA

Discursando no mesmo palanque do presidente, MST e Contag declararam ontem em Garanhuns (PE), estar dispostos a "sair às ruas" para defender Luiz Inácio Lula da Silva se "as elites" tentarem retirá-lo do poder. Horas depois, nas ruas de Teresina (PI), sindicalistas, funcionários dos Correios e militantes do PSOL e do PSTU protestaram com malas de dinheiro falso durante a visita do presidente para visitar obras.
Com faixas, vestidos com cuecas sobre a roupa, os manifestantes protestaram contra a corrupção. Cerca de 200 manifestantes participaram do ato em Teresina, segundo os organizadores.
Durante a chegada do presidente, um grupo conseguiu romper o cordão de segurança e chegou a cerca de 20 metros de Lula. Cerca de cem policiais militares impediram que os manifestantes se aproximassem. Houve empurra-empurra, mas ninguém foi preso.
Durante a participação de Lula no ato, os manifestantes na platéia chegaram a distribuir notas falsas de R$ 100 e R$ 20.
"É um teatro ao ar livre, nunca se viu tanta polícia e tantos tratores trabalhando por aqui", disse o diretor da Federação das Entidades Comunitárias do Piauí, Dimas Leandro Batista, para quem a região onde Lula passou foi maquiada para a visita do presidente.

"Às ruas"
Criticado em Teresina, Lula recebeu em Garanhuns o apoio das principais entidades que representam os sem-terra e os pequenos agricultores do país, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da Contag (Confederação dos Trabalhadores na Agricultura), que responsabilizaram as "elites" pela crise.
"Temos um compromisso de não deixar que esse momento histórico descambe água abaixo porque as elites tentam impedir que esse processo continue", disse Jaime Amorim, líder do MST estadual: "Não vamos deixar a bandeira da ética ser usada por quem representa o atraso, pela direita", disse. "Se for preciso, presidente Lula, vamos às ruas defender as bandeiras da ética, contra a corrupção e pela reforma agrária."
Discurso semelhante foi feito pelo presidente da Contag, Manoel Santos. Ele defendeu o afastamento dos "envolvidos em procedimentos ilícitos" e afirmou que os aliados "não podem entrar nesse cortina de fumaça erguida pela oposição". Segundo ele, "nós não vamos para a rua porque já estamos na rua para defender esse presidente. O povo está dizendo que Lula é o presidente que ele quer agora e quer depois".
Amorim e Santos apoiaram o Plano Safra da Agricultura Familiar, lançado ontem por Lula em Garanhuns. O plano prevê a liberação de R$ 9 bilhões para agricultores familiares e assentados até junho do próximo ano. No Plano Safra 2004-2005, foram disponibilizados R$ 7 bilhões. Os recursos beneficiaram 1,57 milhão de famílias que vivem no campo.
Em seu discurso, Lula disse que, além de aumentar os valores disponíveis, a distribuição do dinheiro melhorou. "Antes do nosso governo, 80% dos recursos iam para a região Sul do Brasil", disse.

"Já acabou"
As declarações de ontem contrastam com a avaliação feita no último dia 25 de julho pelo coordenador nacional do MST João Pedro Stedile, para quem o governo Lula "já acabou". Stedile disse na época que o movimento de massas poderia construir um novo projeto de desenvolvimento, mas que isso não seria possível no governo Lula: "Não vai dar. Este já acabou". Ele culpou a política econômica como a causa de a população não ter saído às ruas para manifestar apoio ao governo petista: "Se fosse um governo que realmente tivesse feito uma política popular, o povo estaria na rua".

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