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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/RETÓRICA DA CRISE
Em Teresina, militantes do PSTU e do PSOL fazem manifestação contra o presidente
MST promete defender Lula; extrema esquerda protesta
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GARANHUNS
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM TERESINA
Discursando no mesmo palanque do presidente, MST e Contag
declararam ontem em Garanhuns
(PE), estar dispostos a "sair às
ruas" para defender Luiz Inácio
Lula da Silva se "as elites" tentarem retirá-lo do poder. Horas depois, nas ruas de Teresina (PI),
sindicalistas, funcionários dos
Correios e militantes do PSOL e
do PSTU protestaram com malas
de dinheiro falso durante a visita
do presidente para visitar obras.
Com faixas, vestidos com cuecas sobre a roupa, os manifestantes protestaram contra a corrupção. Cerca de 200 manifestantes
participaram do ato em Teresina,
segundo os organizadores.
Durante a chegada do presidente, um grupo conseguiu romper o
cordão de segurança e chegou a
cerca de 20 metros de Lula. Cerca
de cem policiais militares impediram que os manifestantes se aproximassem. Houve empurra-empurra, mas ninguém foi preso.
Durante a participação de Lula
no ato, os manifestantes na platéia chegaram a distribuir notas
falsas de R$ 100 e R$ 20.
"É um teatro ao ar livre, nunca
se viu tanta polícia e tantos tratores trabalhando por aqui", disse o
diretor da Federação das Entidades Comunitárias do Piauí, Dimas Leandro Batista, para quem a
região onde Lula passou foi maquiada para a visita do presidente.
"Às ruas"
Criticado em Teresina, Lula recebeu em Garanhuns o apoio das
principais entidades que representam os sem-terra e os pequenos agricultores do país, o MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) e da Contag
(Confederação dos Trabalhadores na Agricultura), que responsabilizaram as "elites" pela crise.
"Temos um compromisso de
não deixar que esse momento histórico descambe água abaixo porque as elites tentam impedir que
esse processo continue", disse Jaime Amorim, líder do MST estadual: "Não vamos deixar a bandeira da ética ser usada por quem
representa o atraso, pela direita",
disse. "Se for preciso, presidente
Lula, vamos às ruas defender as
bandeiras da ética, contra a corrupção e pela reforma agrária."
Discurso semelhante foi feito
pelo presidente da Contag, Manoel Santos. Ele defendeu o afastamento dos "envolvidos em procedimentos ilícitos" e afirmou
que os aliados "não podem entrar
nesse cortina de fumaça erguida
pela oposição". Segundo ele, "nós
não vamos para a rua porque já
estamos na rua para defender esse
presidente. O povo está dizendo
que Lula é o presidente que ele
quer agora e quer depois".
Amorim e Santos apoiaram o
Plano Safra da Agricultura Familiar, lançado ontem por Lula em
Garanhuns. O plano prevê a liberação de R$ 9 bilhões para agricultores familiares e assentados até
junho do próximo ano. No Plano
Safra 2004-2005, foram disponibilizados R$ 7 bilhões. Os recursos
beneficiaram 1,57 milhão de famílias que vivem no campo.
Em seu discurso, Lula disse que,
além de aumentar os valores disponíveis, a distribuição do dinheiro melhorou. "Antes do nosso governo, 80% dos recursos iam para
a região Sul do Brasil", disse.
"Já acabou"
As declarações de ontem contrastam com a avaliação feita no
último dia 25 de julho pelo coordenador nacional do MST João
Pedro Stedile, para quem o governo Lula "já acabou". Stedile disse
na época que o movimento de
massas poderia construir um novo projeto de desenvolvimento,
mas que isso não seria possível no
governo Lula: "Não vai dar. Este já
acabou". Ele culpou a política
econômica como a causa de a população não ter saído às ruas para
manifestar apoio ao governo petista: "Se fosse um governo que
realmente tivesse feito uma política popular, o povo estaria na rua".
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