São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2005

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RUMO A 2006

Garotinho diz que Lula não caiu porque tem apoio dos banqueiros

Alckmin diferencia corrupção e caixa 2

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) disse ontem haver diferença entre "problemas de campanha eleitoral e corrupção" e que, por esse motivo, não pode haver "perda de foco" nas investigações envolvendo o PT.
A comparação feita por Alckmin foi por causa do envolvimento do presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, com a SMPB Comunicação, de Marcos Valério de Souza, em 1998. Na época, políticos ligados a Azeredo receberam cerca de R$ 1,9 milhão da SMPB, de Marcos Valério. Não há registros dessas operações porque elas teriam sido feitas "por fora" -o que configura crime eleitoral. No mesmo ano, outra agência de Valério, a DNA, contraiu um empréstimo de R$ 11,7 milhões no Banco Rural oferecendo como garantia contratos com o governo Azeredo -que tentava se reeleger ao governo de Minas Gerais.
Segundo Alckmin, a questão que envolve Azeredo é eleitoral, e a que envolve o PT e a base aliada é "corrupção e malversação de dinheiro público". Ele disse que "o foco" é a corrupção: "Eu já disse que investigação vale para todos. O problema de campanha eleitoral deve ser investigado. Agora, ele é diferente de corrupção, malversação de dinheiro público. São coisas distintas. Ambas devem ser investigadas. Não podemos estar pegando coisas gravíssimas de corrupção e, de repente, virar tudo questão eleitoral", disse.
Após palestra a prefeitos em Belo Horizonte, Alckmin se encontrou com o governador Aécio Neves (PSDB-MG), que também vê "coisas diferentes". "Existe uma discussão e uma CPI que foi criada para investigar denúncias de corrupção envolvendo o governo federal. Esse é o grande foco."
Segundo Azeredo, foi o seu então tesoureiro da campanha de 1998, Cláudio Mourão, o responsável por destinar recursos, via SMPB, para deputados. Alegou que isso ocorreu à sua revelia.
Alckmin disse não ver como uma ameaça a fala de Lula em Garanhuns (PE), onde o presidente afirmou que alguns têm "medo" da sua reeleição. Segundo ele, o país não deve mudar suprimir a reeleição: "Carta Magna, Constituição, não se muda em meio à crise". Ele acrescentou: "Sou contra acabar com a reeleição".

Garotinho
O secretário de Governo e Coordenação do Rio, Anthony Garotinho (PMDB), disse ontem que o presidente Lula sabia dos esquemas de corrupção envolvendo o PT e que já existiriam evidências suficientes para abertura de um processo contra ele. Para Garotinho, Lula só não caiu porque tem apoio dos banqueiros: "Não há vontade política porque ele está sendo um bom presidente para as elites brasileiras. Os bancos nunca ganharam tanto dinheiro".


Colaborou SÍLVIA FREIRE, da Agência Folha, em Belo Horizonte

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