São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2005

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INTELIGÊNCIA

Lula sugeriu Buzanelli, ex-membro do serviço de inteligência da ditadura

Ex-agente do SNI é indicado para a Abin

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ex-integrante do serviço de espionagem da ditadura militar, Márcio Paulo Buzanelli foi escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para substituir Mauro Marcelo de Lima e Silva na direção-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
Seu nome -indicado pelo ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência, general Jorge Félix- já enfrenta resistência de setores do governo e movimentos e entidades ligados aos direitos humanos.
A indicação ainda precisa ser aprovada pelo Senado. Sob tal justificativa, tanto o GSI como a Abin se recusaram ontem a fornecer o currículo de Buzanelli, que, a partir de meados da década de 70, integrou o extinto SNI (Serviço Nacional de Informações), órgão de espionagem e perseguição política. O SNI antecedeu a Abin. Ele é o primeiro servidor de carreira a assumir a direção-geral.
A mensagem de Lula ao Senado com o nome de Buzanelli foi publicada na edição de ontem do "Diário Oficial" da União. Especialista no combate ao crime organizado e na prevenção ao terrorismo, deve assumir a vaga de Mauro Marcelo, que, em 13 de julho, pediu demissão do cargo após ter atacado e ironizado os integrantes da CPI dos Correios.
Em mensagem interna da agência que vazou à CPI, o então diretor-geral usou o termo "bestas-feras" em referência aos deputados e senadores que integram a CPI.
Ontem, a indicação do ex-agente do SNI e atual chefe do Departamento de Inteligência da Abin para a direção-geral da agência foi recebida com preocupação por representantes de movimentos de defesa aos direitos humanos. Nenhum quis ser identificado. Um deles afirmou que Buzanelli ter pertencido ao SNI já é um "complicador", pois carrega a "cultura" de atuação da ditadura militar.
Augustino Veit, presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, prefere não criticar a indicação simplesmente por Buzanelli ter atuado no extinto SNI, mas afirma que sua atuação deve estar voltada a uma nova realidade. Para concluir seus processos, a comissão depende de documentos fornecidos pela Abin. "Eu sempre quero crer que as pessoas revisem seus posicionamentos políticos, suas condutas. Pode ser que o cara tenha mudado. Isso [sua atuação no SNI] não é um critério para fecharmos um juízo de valor sobre a pessoa. Agora ele não pode tratar a Abin hoje como se fosse o SNI", disse.


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