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INTELIGÊNCIA
Lula sugeriu Buzanelli, ex-membro do serviço de inteligência da ditadura
Ex-agente do SNI é indicado para a Abin
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ex-integrante do serviço de espionagem da ditadura militar,
Márcio Paulo Buzanelli foi escolhido pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva para substituir Mauro Marcelo de Lima e Silva na direção-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
Seu nome -indicado pelo ministro-chefe do GSI (Gabinete de
Segurança Institucional) da Presidência, general Jorge Félix- já
enfrenta resistência de setores do
governo e movimentos e entidades ligados aos direitos humanos.
A indicação ainda precisa ser
aprovada pelo Senado. Sob tal
justificativa, tanto o GSI como a
Abin se recusaram ontem a fornecer o currículo de Buzanelli, que, a
partir de meados da década de 70,
integrou o extinto SNI (Serviço
Nacional de Informações), órgão
de espionagem e perseguição política. O SNI antecedeu a Abin. Ele
é o primeiro servidor de carreira a
assumir a direção-geral.
A mensagem de Lula ao Senado
com o nome de Buzanelli foi publicada na edição de ontem do
"Diário Oficial" da União. Especialista no combate ao crime organizado e na prevenção ao terrorismo, deve assumir a vaga de
Mauro Marcelo, que, em 13 de julho, pediu demissão do cargo
após ter atacado e ironizado os integrantes da CPI dos Correios.
Em mensagem interna da agência que vazou à CPI, o então diretor-geral usou o termo "bestas-feras" em referência aos deputados
e senadores que integram a CPI.
Ontem, a indicação do ex-agente do SNI e atual chefe do Departamento de Inteligência da Abin
para a direção-geral da agência foi
recebida com preocupação por
representantes de movimentos de
defesa aos direitos humanos. Nenhum quis ser identificado. Um
deles afirmou que Buzanelli ter
pertencido ao SNI já é um "complicador", pois carrega a "cultura"
de atuação da ditadura militar.
Augustino Veit, presidente da
Comissão Especial de Mortos e
Desaparecidos Políticos, prefere
não criticar a indicação simplesmente por Buzanelli ter atuado no
extinto SNI, mas afirma que sua
atuação deve estar voltada a uma
nova realidade. Para concluir seus
processos, a comissão depende de
documentos fornecidos pela
Abin. "Eu sempre quero crer que
as pessoas revisem seus posicionamentos políticos, suas condutas. Pode ser que o cara tenha mudado. Isso [sua atuação no SNI]
não é um critério para fecharmos
um juízo de valor sobre a pessoa.
Agora ele não pode tratar a Abin
hoje como se fosse o SNI", disse.
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