São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

De Cesar ao mundo

16 de julho. Estava lá, no meio de um texto paralelo a uma reportagem do português "Expresso", sobre o escândalo no Brasil.
Mas foi preciso a conjunção de Roberto Jefferson, anteontem na CPI, com uma nota de Cesar Maia, postada minutos depois em seu blog, para que a história começasse a ecoar.
Era o trecho em que um ex-ministro português afirmava ter recebido, nas aspas creditadas a ele, "o senhor Marcos Valério, na qualidade de consultor do presidente do Brasil".
O trecho foi editado pelo blog em negrito.

 

Na era "copy/paste", copiar/ colar, não demorou e o texto surgiu com a mesma edição nos blogs Noblat, E-Agora e daí à blogosfera toda.
O título do tucano E-Agora era "Lula caiu na panela, ora pois". Blogs são assim.
Mais um pouco e também o Globo Online entrou na linha de repercussão, ontem. Deu até submanchete:
- Para ex-ministro, Valério era ligado a Lula.
 

Foi então que um deputado leu na CPI:
- O ex-ministro de Portugal afirmou que recebeu [elevando a voz:] o senhor Marcos Valério na qualidade de consultor do presidente do Brasil.
A partir daí, a TV abraçou a história, com a Globo News se confundindo que "ex-ministro diz que Valério teria ido como consultor do governo". Daí para a terceira manchete, tortuosa, do "JN":
- Ex-ministro português diz que Valério se apresentou como consultor da Presidência do Brasil.
E para o "Jornal da Record", já com a reação:
- Planalto não vê risco para Lula nas acusações de Jefferson sobre a reunião de Valério e a Portugal Telecom.
O "JN" acrescentou depois que "a Presidência soltou nota em que nega enfaticamente que tenha autorizado Valério a se apresentar como um consultor" -e em que anuncia "que pediu ao embaixador em Lisboa para buscar esclarecimentos junto ao ex-ministro".
 

Na blogosfera, registre-se, nem tudo prospera como se viu anteontem.
O Blog do Noblat, na mesma terça, anunciou "um terceiro personagem na excursão". Além de Valério e um petebista, "o então tesoureiro Delúbio foi também".
O Blog do Cesar Maia correu a repercutir, "Confirmada a ida de Delúbio.
Mas ficou aí. Não pegou.
 

O blog do presidenciável do PFL não serve só para o que nos EUA chamam de "spin", para fazer repercutir. Também guia suas pretensões eleitorais, com pesquisas etc.
Uma, ontem no blog, trazia Cesar Maia em segundo para presidente, atrás de Lula. Outra trazia Maia em primeiro para governador.
Outro "post" ecoava ontem um editorial do "LA Times" que, para o pefelista, mostra como "o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, continua em alta" por lá. É seu modelo.

À LACERDA
cesarmaia.blogspot.com/Reprodução
O blogueiro Cesar Maia em ação, na imagem que ilustra a página que acaba de ser lançada pelo presidenciável pefelista, com críticas compulsivas a petistas, tucanos etc.

"Na pior hora"
O dólar e o risco-país caíram, Franklin Martins saiu dizendo que José Dirceu foi "muito bem" -e Lula soltou o verbo eleitoral em Garanhuns.
Não ganhou, porém, a melhor das repercussões. Os primeiros comentários não foram dos mais simpáticos, como neste, do Blog do Moreno:
- Ele deflagrou a sucessão presidencial na pior hora.

"Não sei, não"
A cobertura tinha mais o que explorar, com a "arrogância" de Simone Vasconcelos, a diretora financeira de Valério.
No "Jornal da Band", foi até primeira manchete:
- A mulher que mais sacou das contas de Valério depõe à CPI e irrita deputados.
Entra Simone:
- Olha, deputado, eu não sei dizer assim de cabeça, não.

MUDANDO
Enquanto no Brasil a web sobe um degrau, com os blogs, nos EUA o "New York Times" anuncia o próximo passo na rede. O "Washington Post" e o "Wall Street Journal" deram com destaque que o concorrente decidiu afinal pela "integração" das redações -do jornal, site, avançando pela produção de TV.
Não foi o primeiro a fazê-lo, mas os anteriores eram menores, como o "Tampa Tribune". E a mudança não deve ser seguida tão cedo pelo "WP". Mas consultores dizem que "faz sentido" e é "inevitável".
É claro que a notícia já estava nos blogs no dia anterior, abrindo debate. Um até reproduziu a mensagem do "NYT", com o anúncio aos jornalistas:
- Os nossos leitores estão mudando, e nós também.


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