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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
PT quer diálogo com Serra e Aécio
Aliados de Lula crêem que pragmatismo econômico contribuirá para relação amistosa com tucanos
Petistas também apostam que legitimidade política que o presidente terá, se reeleito, forçará oposição a aceitar uma aproximação
DA REPORTAGEM LOCAL
Embora concordem que o
processo eleitoral em curso impede uma aproximação pragmática entre governo e oposição, aliados do presidente Lula
já iniciaram conversas com representantes do PSDB e apostam num confronto cordial depois de outubro com José Serra
e Aécio Neves. Os dois tucanos
devem sair vitoriosos da eleição
de outubro e ser os protagonistas na disputa em 2010.
No Planalto, prevalece a
crença de que nem Serra nem
Aécio, caso eleitos governadores de São Paulo e Minas, respectivamente, deflagrarão
guerra imediata a Lula em
eventual segundo mandato do
petista. Nenhum dos dois lados
admite abertamente, mas as
pontes para um diálogo institucional, com novos interlocutores, começam a ser construídas.
Já há conversas preliminares. O presidente da Câmara,
Aldo Rebelo (PC do B-SP),
mantém boas relações com
Serra. Outro petista escalado
para preparar o terreno da governabilidade necessária é o
deputado Sigmaringa Seixas
(DF), ex-tucano. O ministro
Márcio Thomaz Bastos (Justiça) é mais um aliado de Lula
nessa missão, que faz a ponte
inclusive com o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso.
O ex-ministro Ciro Gomes
(PSB), como definem os petistas, "continua amigo do peito
de Tasso Jereissati", presidente do PSDB. Outro ministro que
tem trabalhado por um diálogo
saudável e respeitoso com a
oposição, pelo menos a partir
de novembro, é Tarso Genro
(Relações Institucionais).
A cúpula petista, na figura do
presidente da legenda, Ricardo
Berzoini, também é favorável,
nos bastidores, às relações
amistosas com os tucanos.
Em Minas, o prefeito de Belo
Horizonte, Fernando Pimentel, alimenta diariamente o
acordo de cavalheiros com Aécio Neves. É com Aécio, aliás,
que Lula mantém a melhor relação política. Esse é um fator
que pode causar destempero ao
grupo de Serra e elevar o tom
oposicionista dos tucanos paulistas. Ainda assim, prevalece a
seguinte lógica: Serra precisará
do apoio federal sobretudo para superar a grave crise de segurança pública no Estado.
Outro novo interlocutor importante que vem acompanhando Lula é o ex-governador
Jorge Viana (PT-AC). Cotado
para um posto de articulador
político num próximo governo,
Viana defende abertamente.
Além do pragmatismo político e econômico -Estados precisam de verbas federais para
grandes obras-, a cúpula do PT
aposta ainda na legitimidade
que Lula terá após as eleições.
"Qualquer um com pretensão
de ser presidente daqui a quatro anos terá de conversar com
Lula", avalia um petista.
Para os aliados de Lula, independentemente de qual tucano
assuma a partir do próximo ano
o controle do PSDB, há chances
de costurar acordos mínimos
para aprovação de projetos que
retirem obstáculos ao crescimento. "Temos que fazer o que
for necessário para ganhar a
eleição, mas no limite, porque o
país continua", acena o líder do
PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA), ligado a Serra.
No PFL, petistas admitem
que o diálogo é mais árido, mas
há segmentos flexíveis no partido. O líder do PFL no Senado,
José Agripino (RN), reitera que
não há nenhum movimento de
reaproximação. Mas pondera:
"Seja quem for que ganhar a
eleição, a necessidade de se
sentar à mesa e se encontrar
uma saída [para o país] é imperiosa".
(MALU DELGADO)
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