São Paulo, segunda-feira, 04 de setembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

[!] Foco

Dirceu teria participado de ações de luta armada no Brasil em 1970 e 1971

Alan Marques - 3.set.2005/Folha Imagem
Na mesa da casa de José Dirceu, fotos dele estudante e com a mulher e o ditador Fidel Castro


KENNEDY ALENCAR

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil e um dos estrategistas da chegada do PT ao poder em 2002, teria participado de ações da luta armada no Brasil em 1970 e 1971.
Fora da política partidária por ter tido seu mandato de deputado federal cassado no ano passado, Dirceu dedica seu tempo hoje à advocacia, consultoria a empresários interessados em investimentos de infra-estrutura no Brasil e na América Latina e a rápidas incursões políticas, como reuniões secretas com o presidente Lula, além de encontros reservados nos quais fala do passado de combate à ditadura.
Num desses encontros, Dirceu revelou que teria atuado em ações da luta armada no Brasil. Até então, sabia-se apenas que havia feito treinamento de guerrilha em Cuba. Ele nunca admitiu ter atuado no Brasil.
Dirceu não dá detalhes dessas ações em território brasileiro na época do governo Médici (1969-1974), o mais repressor da ditadura que durou de 1964 a 1985. Aos 60 anos, acha que detalhes só poderão ser revelados daqui a 10 ou 20 anos.
Em 1968, então presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Dirceu foi preso no famoso Congresso de Ibiúna. Em setembro do ano seguinte, Dirceu e outros 14 presos foram libertados em troca de Charles Elbrick, embaixador americano seqüestrado pela luta armada. Foi para Cuba e fez treinamento de guerrilha com o chamado Grupo Primavera.
Desde que saiu do governo em junho de 2005, Dirceu teria se reunido quatro vezes com Lula. Na última delas, há cerca de três meses, quando havia dúvida no PT sobre as chances de reeleição de Lula, Dirceu ouviu do presidente: "Perdi meus generais, mas vou ganhar a guerra. Meus generais estão na reserva, mas estão comigo".
Era referência à queda de Dirceu e também de Antonio Palocci Filho, que deixou a Fazenda no final de março.
A Folha apurou que Dirceu pretende aguardar a decisão do STF sobre a denúncia contra ele a respeito do mensalão. Avalia que o STF não a acatará, pois se diz inocente e não haver provas.
Se sua previsão se confirmar, trabalhará para reunir 3 milhões de assinaturas em apoio a um projeto de iniciativa popular que lhe restitua os direitos políticos cassados em 1º de dezembro de 2005.


Texto Anterior: Eleições 2006/Presidência: PT quer diálogo com Serra e Aécio
Próximo Texto: Câmara tenta votar 20 MPs nesta semana
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.