São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Apoio do casal Garotinho a Alckmin incomoda aliados

Cesar Maia, principal cabo eleitoral do tucano no Rio, diz que ele "perde discurso da ética"

"Apoio se recebe e se agradece. Não nos foi solicitado nada que não fosse compromisso com o Brasil", disse o candidato


JOSE ALBERTO BOMBIG
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato a presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, recebeu ontem o apoio formal da governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus, e de seu marido, o ex-governador Anthony Garotinho, ambos do PMDB.
O casal se reuniu com o tucano acompanhado do presidente nacional do PMDB, deputado federal Michel Temer (SP). O trio explicitou a divisão do partido neste segundo turno, já que o peemedebista Sérgio Cabral, candidato ao governo do Rio, declarou apoio à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva.
O encontro também estremeceu a aliança PSDB-PFL, já que o pefelista Cesar Maia, prefeito do Rio, é adversário do casal Garotinho. Reunido com o PDT em São Paulo, o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, não participou do encontro.
Segundo Maia, Alckmin perde o discurso da ética ao se aproximar do casal. Além disso, Denise Frossard (PPS) disputa o segundo turno com Cabral e espera a ajuda do tucano.
"Nós começamos a fazer um trabalho para obter a parcela mais ampla do PMDB no apoio à candidatura Geraldo Alckmin. Hoje, com a governadora Rosinha e o ex-governador Garotinho, foi o primeiro passo", disse Temer. A visita ocorreu em São Paulo.
Segundo Temer, seu partido está consultando governadores e parlamentares eleitos para promover um grande ato de apoio a Alckmin no Sudeste. Ele disse não ver prejuízos à candidatura de Cabral no Rio.
Garotinho justificou o apoio ao tucano: "Vários motivos nos levam a apoiar a candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin. Na história do Brasil nunca se viu um governo de tantos escândalos, de tanta corrupção e de tanta parcialidade. A Polícia Federal atua de um jeito com relação às pessoas comuns, mas não com o mesmo jeito em relação a Marcos Valério, Delúbio Soares e tantos outros personagens da intrincada trama da corrupção petista".
Ainda como pré-candidato a presidente, em abril, o ex-governador do Rio foi alvo de suspeita de irregularidades nos repasses de recursos do Estado para ONGs ligadas a sua pré-campanha. A Polícia Federal investiga o caso. "Todas as denúncias [contra mim] foram apuradas e nenhuma delas foi comprovada. Fizeram denúncias contra o Alckmin, contra o Lula. Se denúncia atrapalhasse campanha, o Lula não tinha nenhum voto", afirmou.
Questionado sobre as críticas do prefeito do Rio, Garotinho respondeu: "O Cesar Maia é uma pessoa que gosta de polêmica, nem tudo o que ele fala deve ser levado à sério".

Sem compromisso
Alckmin disse não haver constrangimentos no encontro. "Apoio se recebe e se agradece. Não nos foi solicitado nada que não fosse compromisso com o Brasil.", reagiu ele, dizendo que mantém o "diga-me com quem andas e te direi quem és" como um lema.
Com o apoio de Garotinho, o tucano espera melhorar seu desempenho no Rio, onde só teve 28,86% dos votos válidos no primeiro turno.
A manifestação de apoio de Garotinho foi planejada na véspera com a ajuda de Temer. Afirmando que tem pressa na conquista de aliados, Temer propôs o encontro a Garotinho após uma conversa com Alckmin. Como o casal concordou com a proposta, o presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), telefonou para o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia, filho do prefeito do Rio, informando a decisão. "Apoio não se rejeita", limitou-se a dizer Rodrigo.
Ainda assim, Bornhausen não quis participar do encontro com Garotinho. "Não vou arrumar encrenca com o Cesar Maia", justificou ele.
Na viagem de Brasília a São Paulo, Bornhausen pediu que Tasso compense o PFL do Rio: neutralize o desgaste provocado pela adesão de Garoitinho com a declaração formal de apoio do PSDB, que no primeiro turno lançou Eduardo Paes, a Denise Frossard.
Pela manhã, Alckmin recebeu a visita do governador do Ceará, Lúcio Alcântara (PSDB), que não conseguiu se reeleger. Alcântara chegou a exibir imagens de Lula no horário eleitoral. Ontem, disse que esse é um episódio superado e que vai trabalhar para eleger Alckmin.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Aliança é um erro desastroso de tucano, diz Maia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.