São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2006

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Petista diz que bancaria defesa de Vedoin no caso sanguessuga

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-coordenador do "grupo de informações" da campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Jorge Lorenzetti, disse, em depoimento prestado no último dia 22 à Polícia Federal, em Brasília, que prometeu à família Vedoin -pivô no escândalo dos sanguessugas- custear seus advogados no processo sobre a máfia dos sanguessugas.
Lorenzetti não admite ter pago pela entrevista dos Vedoin à revista "IstoÉ" e pelo dossiê contra José Serra (PSDB), governador eleito de São Paulo. Os empresários acusaram o tucano e, depois, voltaram atrás.
O petista afirma, entretanto, que houve um compromisso seu, que chefiava uma equipe da campanha de Lula chamada de "GTInformações (Grupo de Trabalho e Informações)", de providenciar "apoio jurídico" para a família dos Vedoin assim que as acusações contra Serra viessem a público, na revista.
"Pela entrevista [à revista], os Vedoin receberiam somente o apoio jurídico que o declarante se empenharia pessoalmente em conseguir", disse Lorenzetti, sem explicar quem pagaria esses advogados. Segundo ele, o PT não faria os pagamentos.
Lorenzetti disse que os Vedoin queriam trocar de advogados pois "estavam insatisfeitos com sua defesa jurídica no processo do caso sanguessuga". O processo criminal está no STF.
A promessa do "apoio jurídico" é referida pelo ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Afonso Veloso, em depoimento prestado à PF no dia 22. Ele foi além, ao falar em "acerto" com os futuros denunciantes. "Desde o início, o único acerto era que Lorenzetti iria fazer com os Vedoin o apoio jurídico em Brasília", disse Veloso.
"Quando [Expedito] disse a Jorge [Lorenzetti] sobre a proposta dos Vedoin de vender o material, fazer a denúncia na Justiça e obter apoio jurídico por R$ 10 milhões, Jorge disse que os dois estavam "loucos" e prontamente respondeu que não faria negociação envolvendo dinheiro, não descartando apoio jurídico", disse Veloso.

São Paulo
No depoimento à PF, Lorenzetti afirmou ainda ter orientado o ex-assessor de Aloizio Mercadante (PT-SP) Hamilton Lacerda a receber em São Paulo o dossiê contra Serra. "[Lorenzetti] falou por telefone com Hamilton para que aguardasse a chegada do material que seria entregue por Gedimar."
Lorenzetti disse que as primeiras negociações com os Vedoin, o acompanhamento da entrevista e a preparação para entrega dos documentos foram todas ações coordenadas pelo grupo da campanha de Lula.


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