|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2006 / LEGISLATIVO
Partidos buscam fusões para superar cláusula de barreira
PPS negocia com PV, que também se articula com PSOL; PTB deve se unir ao PSC
Dados preliminares indicam
que só 7 das 29 legendas
nacionais superaram o
índice mínimo de 5% dos
votos para a Câmara no país
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ameaçados de extinção se
continuarem funcionando individualmente, os 22 partidos
políticos que não atingiram o
mínimo de votos estipulado pela chamada "cláusula de barreira" intensificarão nos próximos dias negociações para se
fundir uns com os outros. A
mais recente articulação tem o
objetivo de reunir PPS, PV e
PHS em uma nova legenda, que
seria a sexta maior força da Câmara, com 36 deputados.
O presidente do PPS, Roberto Freire (PE), e um dos principais expoentes da legenda, o
deputado federal Raul Jungmann (PE), procuraram ontem
dirigentes do PV para tentar
acertar a fusão.
Amanhã o PTB de Roberto
Jefferson, que reassumiu na semana passada a presidência do
partido, deve aprovar em convenção nacional a união com o
PSC, partido sob forte influência do ex-governador Anthony
Garotinho (PMDB-RJ). A nova
legenda reuniria cerca de 6,6%
dos votos nacionais para a Câmara dos Deputados (4,7% do
PTB e 1,9% do PSC).
A "cláusula de barreira" proíbe a legendas que não tenham
atingido um mínimo de 5% dos
votos nacionais para deputado
federal o acesso a mecanismos
essenciais à sua existência. Os
barrados ficarão de fora do rateio de 99% do Fundo Partidário, principal fonte de recurso
dos partidos, perderão a maior
parte do tempo de propaganda
partidária gratuita, além de serem relegados a uma participação legislativa marginal.
Apenas sete partidos teriam
atingido a exigência: PT (15%)
-que reuniria a maior votação
do país para deputado federal,
13,990 milhões de votos-,
PMDB (14,6%), PSDB (13,6%),
PFL (10,9%), PP (7,1%), PSB
(6,2%) e PDT (5,2%). Os números são de totalização da Câmara dos Deputados, já que os dados oficiais do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) ainda não
foram divulgados.
"Vínhamos conversando sobre isso antes, admitindo que
buscaríamos a fusão mesmo
superando a cláusula. Se admitíamos isso lá atrás, o resultado
das urnas dá mais força a essa
idéia", afirmou Freire.
Definhamento
Segundo a totalização da Câmara, o PPS obteve 3,9% dos
votos nacionais para deputado
federal, o PV reuniu 3,6% dos
votos e o PHS atingiu 0,5%.
"Se não fizermos isso, estamos condenados ao definhamento", acrescentou Freire,
para quem PPS, PV e PHS são
partidos que atuam em linha
coincidente. "São partidos democratas, de esquerda, limpos,
não envolvidos em corrupção e
bandidagem. Contam com o
respeito da sociedade."
O deputado Fernando Gabeira (RJ), o mais votado do PV no
país, diz que o partido conversará com outras legendas, como o PSOL. "Estamos conversando, vamos procurar o PSOL,
mas a hipótese mais fácil é a da
fusão. Todos estão interessados, mas ainda estamos conversando", disse.
O presidente do PV, José
Luiz de França Penna, chega
hoje a Brasília para finalizar as
negociações, mas diz que a legenda ainda está consultando
as lideranças regionais. Ele
afirma defender também uma
alternativa que seria tentar alterar a cláusula na Câmara.
"São 97 deputados eleitos
por partidos que não atingiram
a cláusula. Se houver união, o
enfrentamento pode ser a solução", disse. Na verdade, os deputados federais pertencentes
a partidos abaixo da cláusula
são 118, mais de 20% da Casa.
O PL, que também não atingiu a cláusula, deve manter entendimentos para fusão nas
próximas semanas. O presidente do PDT, Carlos Lupi, disse
que a legenda (5,2% dos votos)
está "aberta a ajudar qualquer
dos co-irmãos em dificuldade".
Texto Anterior: PMDB gaúcho vai dar apoio a Yeda; Rigotto fica neutro Próximo Texto: Análise: Os erros de Lula no Congresso Índice
|