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Lula é porta-voz dos pobres, diz angolano
DA ENVIDA ESPECIAL A LUANDA
O presidente de Angola, José
Eduardo dos Santos, classificou
ontem Luiz Inácio Lula da Silva
como "porta-voz" dos pobres de
todo o mundo, elogiou o pragmatismo da gestão política e econômica do governo do PT e apoiou a
pretensão brasileira de ter uma
vaga permanente no Conselho de
Segurança da ONU (Organização
das Nações Unidas).
Segundo Santos, a eleição de
Lula "foi considerada como uma
vitória do povo humilde do Brasil
e das pessoas desfavorecidas no
resto do planeta, que já o escolheram como o seu porta-voz".
Santos é presidente desde 1979,
quando substituiu Agostinho Neto, principal líder da independência de Angola.
O presidente angolano, que foi
aliado do bloco soviético durante
a Guerra Fria, elogiou a política
macroeconômica de Lula: "A sua
gestão política e econômica está a
corresponder às expectativas",
disse, em discurso de saudação a
Lula, antes da reunião entre ministros dos dois países no palácio
de Cidade Alta, o prédio colonial
que serve de sede ao governo.
Em compensação aos elogios e
ao apoio para a ONU, o presidente angolano pediu explicitamente
a Lula "a melhoria das facilidades
de crédito e o aumento do seu volume pelo Brasil", em forma de
crédito à exportação, subsídios ou
financiamentos especiais nas
áreas de infra-estrutura (destruída por sucessivas guerras), agropecuária e industrial, além de aumento do comércio bilateral. Em
discurso posterior, Lula confirmou que é essa a intenção.
Os dois países foram eleitos e serão membros temporários do
Conselho de Segurança da ONU,
por dois anos, a partir de 2004. É a
primeira vez que Angola ocupa a
vaga e a nona no caso do Brasil.
Em pelo menos uma questão, o
Brasil e Angola ficaram em posições distintas: na guerra do Iraque. Enquanto o Brasil foi contra,
Angola não se opôs.
Segundo o ministro de Relações
Exteriores do país, João Bernando
de Miranda, a posição angolana
foi "realista": "Somos um país
simples, não íamos parar o vento
com as mãos". Ele também disse
que, "em alguns momentos", os
dois países poderão discordar no
conselho. Ontem, Lula inaugurou
a Casa de Cultura Brasil-Angola.
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