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São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2003

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Lula é porta-voz dos pobres, diz angolano

DA ENVIDA ESPECIAL A LUANDA

O presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, classificou ontem Luiz Inácio Lula da Silva como "porta-voz" dos pobres de todo o mundo, elogiou o pragmatismo da gestão política e econômica do governo do PT e apoiou a pretensão brasileira de ter uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
Segundo Santos, a eleição de Lula "foi considerada como uma vitória do povo humilde do Brasil e das pessoas desfavorecidas no resto do planeta, que já o escolheram como o seu porta-voz".
Santos é presidente desde 1979, quando substituiu Agostinho Neto, principal líder da independência de Angola.
O presidente angolano, que foi aliado do bloco soviético durante a Guerra Fria, elogiou a política macroeconômica de Lula: "A sua gestão política e econômica está a corresponder às expectativas", disse, em discurso de saudação a Lula, antes da reunião entre ministros dos dois países no palácio de Cidade Alta, o prédio colonial que serve de sede ao governo.
Em compensação aos elogios e ao apoio para a ONU, o presidente angolano pediu explicitamente a Lula "a melhoria das facilidades de crédito e o aumento do seu volume pelo Brasil", em forma de crédito à exportação, subsídios ou financiamentos especiais nas áreas de infra-estrutura (destruída por sucessivas guerras), agropecuária e industrial, além de aumento do comércio bilateral. Em discurso posterior, Lula confirmou que é essa a intenção.
Os dois países foram eleitos e serão membros temporários do Conselho de Segurança da ONU, por dois anos, a partir de 2004. É a primeira vez que Angola ocupa a vaga e a nona no caso do Brasil.
Em pelo menos uma questão, o Brasil e Angola ficaram em posições distintas: na guerra do Iraque. Enquanto o Brasil foi contra, Angola não se opôs.
Segundo o ministro de Relações Exteriores do país, João Bernando de Miranda, a posição angolana foi "realista": "Somos um país simples, não íamos parar o vento com as mãos". Ele também disse que, "em alguns momentos", os dois países poderão discordar no conselho. Ontem, Lula inaugurou a Casa de Cultura Brasil-Angola.


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