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São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2003

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NO AR

Lula em turnê

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

É uma viagem "cheia de simbolismo", na expressão da Globo. Mais até, uma viagem com ares de turnê de João Paulo 2º.
Em São Tomé e Príncipe, Lula "agradeceu a recepção com Gilberto Gil" e anunciou "o pagamento da dívida histórica do Brasil com a África".
Em Angola, levou flores ao monumento a Agostinho Neto, "herói nacional da independência em 1975", na descrição da CBN, e anunciou que vai ajudar na "reconstrução nacional angolana". Parada seguinte, um centro de reabilitação de mutilados da guerra.
O presidente de Angola elegeu Lula nada menos que "o representante dos pobres no mundo", segundo a Band, e "o porta-voz dos desfavorecidos do planeta", segundo a Record.
Hoje, em Moçambique, tem conversa com o presidente sobre combate à Aids. Mais à frente, na África do Sul, encontro com Nelson Mandela.
Como disse uma cientista política na CBN, é uma visita que "melhora a imagem de Lula e do Brasil no exterior". Sobretudo a de Lula.
Mais do que ser mero popstar, como foi descrito de início, Lula almeja Sua Santidade.
 
Como mostrou o Datafolha, reproduzido nos telejornais, o presidente vai bem, com sua "imagem" muito resistente ainda que seu governo não tenha a mesma aprovação.
O desemprego não cede, pelo contrário, mas as manchetes dos telejornais andam retumbantes. Até Boris Casoy:
- A balança comercial tem o melhor outubro da história.
Até FHC, posando ao lado de Bill Clinton na Espanha, cedeu um pouco. Agora diz que é cedo para julgar Lula.
 
A pesquisa de intenção de votos para prefeito de São Paulo registrou um desanimador 1% para o tucano Saulo de Castro Abreu, ontem.
Mas o secretário de Segurança e o governador Geraldo Alckmin nem tiveram tempo de se lamentar. Da primeira manchete do Jornal Nacional:
- Atentados deixam dois mortos e sete feridos em SP. Onze postos da polícia foram atacados por bandidos.
Foi uma "afronta", no dizer da rádio Jovem Pan.
Mas o secretário, como George W. Bush sobre o Iraque, preferiu ver os ataques como efeito da "forte ação da polícia", segundo a rádio Bandeirantes.
Enquanto isso, o presidente da associação de cabos e soldados da Polícia Militar bradava contra a "omissão" do secretário, que sabia "dos possíveis atentados do PCC".


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