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NO AR
Lula em turnê
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
É uma viagem "cheia de
simbolismo", na expressão da Globo. Mais até, uma
viagem com ares de turnê de
João Paulo 2º.
Em São Tomé e Príncipe, Lula
"agradeceu a recepção com Gilberto Gil" e anunciou "o pagamento da dívida histórica do
Brasil com a África".
Em Angola, levou flores ao
monumento a Agostinho Neto,
"herói nacional da independência em 1975", na descrição da
CBN, e anunciou que vai ajudar
na "reconstrução nacional angolana". Parada seguinte, um
centro de reabilitação de mutilados da guerra.
O presidente de Angola elegeu
Lula nada menos que "o representante dos pobres no mundo",
segundo a Band, e "o porta-voz
dos desfavorecidos do planeta",
segundo a Record.
Hoje, em Moçambique, tem
conversa com o presidente sobre
combate à Aids. Mais à frente,
na África do Sul, encontro com
Nelson Mandela.
Como disse uma cientista política na CBN, é uma visita que
"melhora a imagem de Lula e
do Brasil no exterior". Sobretudo a de Lula.
Mais do que ser mero popstar,
como foi descrito de início, Lula
almeja Sua Santidade.
Como mostrou o Datafolha,
reproduzido nos telejornais, o
presidente vai bem, com sua
"imagem" muito resistente ainda que seu governo não tenha a
mesma aprovação.
O desemprego não cede, pelo
contrário, mas as manchetes dos
telejornais andam retumbantes.
Até Boris Casoy:
- A balança comercial tem o
melhor outubro da história.
Até FHC, posando ao lado de
Bill Clinton na Espanha, cedeu
um pouco. Agora diz que é cedo
para julgar Lula.
A pesquisa de intenção de votos para prefeito de São Paulo
registrou um desanimador 1%
para o tucano Saulo de Castro
Abreu, ontem.
Mas o secretário de Segurança
e o governador Geraldo Alckmin nem tiveram tempo de se
lamentar. Da primeira manchete do Jornal Nacional:
- Atentados deixam dois
mortos e sete feridos em SP. Onze postos da polícia foram atacados por bandidos.
Foi uma "afronta", no dizer
da rádio Jovem Pan.
Mas o secretário, como George
W. Bush sobre o Iraque, preferiu
ver os ataques como efeito da
"forte ação da polícia", segundo
a rádio Bandeirantes.
Enquanto isso, o presidente da
associação de cabos e soldados
da Polícia Militar bradava contra a "omissão" do secretário,
que sabia "dos possíveis atentados do PCC".
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